Em entrevista a O SETUBALENSE, gerente da cooperativa revela que 2021 saldou-se no “melhor ano de sempre” em termos de produção e qualidade. Facturação ultrapassou os 24 milhões, mas o saldo final ainda está por apurar
O ano de 2021 saldou-se como um novo “melhor ano de sempre” para a Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões – a maior do país, sediada no Montijo –, apesar do impacto da pandemia de Covid-19.
A O SETUBALENSE, o gerente da empresa Jaime Quendera confirmou que “2021 foi o melhor ano de produção de sempre, e um ano extraordinário relativamente à qualidade das uvas”.
“Em termos de facturação global, o ano que passou foi o melhor de sempre para a Adega de Pegões. Ultrapassámos a facturação de 24 milhões de euros, e apesar de ainda faltar apurar tudo e fechar as contas, julgamos que as margens se tenham mantido, mesmo em ano de pandemia. A assembleia geral deverá acontecer até ao final de Março”, relevou o gerente e enólogo da cooperativa.
O ano também correu de feição à cooperativa em termos da quantidade de uvas produzidas pelos seus pouco mais de 90 associados. “Em 2021 produzimos à volta de 14 milhões de toneladas de uva, o que deu cerca de 10 milhões de litros de vinho”, revelou Jaime Quendera a O SETUBALENSE. “Em termos de qualidade, foi um dos melhores anos de sempre”, reforçou com satisfação o responsável.
Conforme havia explicado em declarações ao jornal, o clima foi um dos factores que contribuíram, de forma determinante, para a “alta qualidade” das uvas produzidas em 2021. “Tivemos um Verão moderado, sem temperaturas demasiado altas, o que permitiu que as uvas fossem apanhadas em quantidade e qualidade excelentes. Isto tem-se vindo a repetir nos últimos anos”.
Jaime Quendera também já havia enquadrado o crescimento da Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões no desempenho global da região vitivinícola, liderada pela Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal (CVRPS). “A CVRPS está a crescer, e é neste momento a que mais cresce, porque é composta pelas empresas. E as empresas estão a crescer porque têm vinhas de muita qualidade”, diz.
“Todos os anos dizemos que é o melhor ano de sempre para a Adega de Pegões, mas Pegões, de facto, é a maior cooperativa de vinho do país – a que mais vende em quantidade e a segunda em valor –, e já não pode crescer muito mais”, assumiu Jaime Quendera. Tendo em conta esta performance positiva, o gerente da Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões acredita que 2022 deverá ser um ano “muito bom”.
Vendas mantiveram-se
O ano de 2021 foi de mudança dos padrões de consumo – da restauração para casa – devido aos confinamentos e à retracção da economia ditados pela pandemia, mas a Adega de Pegões conseguiu fazer face esses impactos.
As vendas mantiveram-se graças à sólida implementação na moderna distribuição composta pelos híperes e supermercados, que continuaram a ser muito procurados. Este foi o cenário relativo às vendas no mercado nacional.
A nível europeu, a situação foi diferente. “Houve uma quebra mais no mercado europeu, sobretudo em países onde os confinamentos foram mais exigentes e onde Pegões está mais presente nos restaurantes e em pequenas lojas. Perdemos vendas no mercado asiático, mas ganhámos no Canadá, Rússia e Polónia”, contou Jaime Quendera.
A expectativa da empresa é que “haja uma retoma do mercado externo com mais expressividade. Esperamos que as restrições de viagens sejam levantadas. Enquanto as restrições não acabarem, teremos dificuldades”, comentou.
Ainda assim, na Europa, Inglaterra, Holanda e Alemanha têm estado a recuperar como mercados para onde Pegões exporta os seus vinhos, bem como o mercado asiático. “A China está muito fechada”.
Investimentos na produção
Em 2021, a Adega de Pegões terminou um investimento na ampliação da capacidade de fermentação e armazenamento (em mais quatro milhões de litros, a juntar aos que já tinha) e procedeu à aquisição de uma máquina “que poucas adegas têm, para separar a parte sólida da parte líquida dos vinhos”, esclareceu o responsável.
“Vamos continuar a ampliar, mas em menor volume, porque demos um salto grande”. Para este ano estão previstos o lançamento de novas gamas – “teremos alguns lançamentos que serão revelados a seu tempo”, adiantou apenas – e a reformulação da rotulagem das marcas Adega de Pegões e Fonte do Nico para uma versão “mais moderna”.
A cooperativa, presidida por Mário Figueiredo e com Maria Helena Oliveira e Carlos Pereira nos lugares da Direcção, foi fundada em 1958 e nos últimos 15 anos levou a cabo uma estratégia de modernização dos sistemas de produção e estabilização financeira com o objectivo de melhorar a qualidade dos vinhos produzidos.
Pegões possui uma área vinícola de 1117 hectares que produzem em média 11 milhões de quilos de uva, sendo 70% tinta e 30% branca. Nas castas tintas produzidas predomina o Castelão (Periquita) com 65% da produção, e nas brancas Fernão Pires 40% e Moscatel 25%.
Exportação Crise da distribuição
As exportações da Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões têm sido, de igual forma, afectadas pela crise mundial dos combustíveis, que afecta os transportes e as matérias-primas.
“Temos tido dificuldade em arranjar contentores para exportarmos o nosso vinho para o Brasil e para a China, e os que encontramos são a preços exorbitantes”, revelou Jaime Quendera a O SETUBALENSE.
A inflação é outro elemento a ter em conta. Por isso, a empresa tem apostado em fazer uma gestão cautelosa dos stocks e das estratégias de venda nos vários mercados em que está presente.
Prémios Somatório de medalhas
Em termos de vinhos premiados, 2021 cifrou-se em nada mais que 198 prémios, dos quais cinco corresponderam a troféus, 72 a medalhas de ouro, 77 de prato e 44 de bronze, ganhos em concursos nacionais e internacionais.
Entre os troféus [ver caixa], Jaime Quendera destacou a Dupla Medalha de Ouro (Reserva do Ano) ganha com o vinho Rovisco Pais Reserva Tinto, no concurso China Wine & Spirits Awards – B2021”; e o prémio Prodexpo Star atribuído ao vinho Adega de Pegões Grande Reserva Tinto 2017 no concurso Prodexpo 2021, na Rússia.