Península de Setúbal à espera do futuro, à espera de vontade política

Península de Setúbal à espera do futuro, à espera de vontade política

Península de Setúbal à espera do futuro, à espera de vontade política

25 Novembro 2021, Quinta-feira
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O futuro da Península de Setúbal está seriamente ameaçado pela falta de investimento que assola o território há uma década. Não há tecido empresarial ou infra-estrutura publica de saúde, educação ou transportes que se mantenha viável, competitiva e dinâmica sem haver investimento na sua manutenção ou modernização.

Contudo, o investimento público e privado na Península está em queda desde pelo menos 2012, sobretudo devido à integração da Península de Setúbal na NUTS II e III AML, Área Metropolitana de Lisboa, que implicou que estes 9 concelhos da Margem Sul do Tejo sejam considerados estatisticamente “ricos” por ostentarem, globalmente integrados nesta Área Metropolitana, um nível de rendimento per capita superior a 90% do rendimento médio da União Europeia e, por isso, ficam praticamente excluídos do financiamento de projectos comparticipados pelos fundos estruturais europeus.

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Esta falta de financiamento tem profundos impactos na vida quotidiana das pessoas, com piores serviços públicos, pior mobilidade e pior emprego. Não há, nos últimos 10 anos, um investimento público significativo em infra-estruturas de transporte, saúde ou educação na região.

O investimento na Indústria caiu de 500 milhões de euros em 2009, para menos de 200 milhões de euros em 2019. Sem investimento, não há novas empresas e empregos, e há o sério risco de os existentes entrarem em declínio com sérias consequências para o emprego e a coesão social.

Desde 2017 que a AISET, Associação da Indústria da Península de Setúbal, vem chamando a atenção dos poderes públicos para esta grave situação, e foi possível reunir esforços de autarcas, academia, instituições da economia social e associações empresariais para a necessidade de alterar as NUTS para a Península de Setúbal criando uma NUTS III própria e uma nova NUTS II que abrangesse a Península.

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Esta dinâmica levou a que fosse aprovada, por unanimidade no dia 9 de Junho, na Assembleia da República, a Resolução 193/2021 que recomenda ao Governo que actue para alterar esta situação.

Até dia 31 de Janeiro, o Governo pode e deve comunicar ao Eurostat estas alterações, que vão vigorar apenas após 2027, e com isso permitir que a Península retome os níveis de investimento que carece para se descarbonizar, digitalizar, enfim, modernizar sustentavelmente e permitir aos seus habitantes, empresas e instituições viverem de acordo com as suas expectativas e necessidades, sem discriminações nem exclusões estatísticas artificiais.

Desde 2017, ainda não foi apresentado, por nenhum responsável governamental, qualquer argumento substancial e lógico para que esta situação discriminatória se mantenha. Até 31 de Janeiro o Governo em funções tem competência para cumprir a resolução da AR.

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A próxima campanha eleitoral será o momento correcto para que os partidos que aprovaram por unanimidade a resolução prestem contas aos eleitores, expliquem o que fizeram ou deixaram de fazer para que o Governo altere a situação.

Perdemos Fundos Europeus do PT2020 e do PT2030, na ordem de 4 mil milhões de euros. Ainda há tempo para se evitar o declínio da Península de Setúbal, por asfixia no investimento após 2027. Assim haja também vontade política.

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