Conhece-se (de há pouco tempo, diríamos) a resposta em estridente gargalhada de uma jovem setubalense: «As janelas fazem calos nos cotovelos» à irónica pergunta que lhe fizeram: «Não consegue pôr-se por uma vez à janela?» E o chamamento a Maria Lamas, que escreveu: «A mulher que está à janela só vê os muros das casas fronteiras».
A cidade que aqui começamos por evocar, estando nós a falar, como veremos, de horários, só podia conduzir-nos à política: acontece haver confluência entre a Avenida 1º de Maio e a Rua Cidade de Setúbal em Santiago do Cacém, onde exactamente no recanto da uma Pérola se vislumbra um mural, ascendente em escadaria, até à Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca. Reconhece-se que uma das primeiras imagens pintadas é a ceifeira da Reforma Agrária, e não havendo resistência possível ao sentimento do dever de ir lá antes da carreira da Rodoviária do Alentejo arrancar, logo o Poeta se faz acompanhar com aqueles versos «…. Abre os olhos e olha, abre os braços e luta!» («Antes que seja tarde!»).
Sempre mais mulheres, a espingarda do MFA, a Revolução do 25 de Abril. Voltando à esplanada, mas já sem nos sentarmos, a dois apreciadores do fim-de-tarde comentámos tudo isto, e um deles achou não perder a oportunidade, mérito seu: «E olhe, ali perto é a Avenida Álvaro Cunhal, fez esta semana mais um ano… Eu nunca digo faria, e são mais de 100, e o Partido já vai nessa…».