PENSAR SETÚBAL: A famigerada Assembleia Geral do Vitória, realizada no auditório da Anunciada, em 2000

PENSAR SETÚBAL: A famigerada Assembleia Geral do Vitória, realizada no auditório da Anunciada, em 2000

PENSAR SETÚBAL: A famigerada Assembleia Geral do Vitória, realizada no auditório da Anunciada, em 2000

, Professor
22 Outubro 2021, Sexta-feira
Giovanni Licciardello - Professor

Na semana transacta efectuei um conjunto de reflexões sobre o início da instabilidade do Vitória Futebol Clube.

Vamos agora a outra ocorrência que também presenciei ao vivo.

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Em 1999 era presidente da direcção do Vitória, Jorge Goes que efectuou dois mandatos: o primeiro foi completo (1999-2001) e o segundo incompleto (2001-2003). Mata Cáceres era simultaneamente presidente da Câmara e da Mesa da Assembleia Geral do Vitória.

A 12 de Outubro de 1999, foi conhecida a decisão da UEFA relativamente à escolha de Portugal, como país organizador do Euro 2004.

Seis meses depois, a 18 de Abril de 2000, realizou-se, no Auditório da Anunciada, uma Assembleia Geral do Vitória.

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Nessa assembleia foi apresentada a proposta do Vitória se mudar para o Vale da Rosa, construindo aí um novo estádio.

Na ocasião, Mata Cáceres declarou aos gritos, agitando os braços e acentuando o dramatismo: “Vitorianos! ou mudamos para o Vale da Rosa, ou é o fim do Vitória”.

Acredito perfeitamente que a autarquia já dispusesse de informação privilegiada relativamente ao Euro 2004. Que nem sequer mencionaram.

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O mais grave de tudo, é que nem sequer foi formalizada uma candidatura de Setúbal ao Euro 2004. E assim, o Euro 2004 passou por Lisboa, Porto, Braga, Guimarães, Leiria, Coimbra, Aveiro, Algarve, mas não passou por Setúbal.

Tenho informação perfeitamente fidedigna que os responsáveis pelo Euro 2004 estiveram até à última hora, à espera da candidatura setubalense, que não surgiu.

Ou seja: nessa assembleia, não estivemos a discutir “a”  questão central,  e que era: Vamo-nos candidatar ao Euro 2004, no Bonfim, no Vale da Rosa, ou noutro local qualquer.

Continuo a sustentar a opinião que a dita Assembleia teve todos os indícios de estar viciada à priori. Uma decisão desta envergadura devia ter sido debatida com calma, seriedade, rigor e exaustividade.

Nada disso aconteceu. Foi tudo discutido e decidido muito, muito rapidamente, de forma atabalhoada, inconsistente, com gritaria e dramatismo à mistura, que teve em Mata Cáceres a principal “estrela” da noite. E Jorge Goes nos bastidores.

Chamados a votar, quatrocentos sócios fizeram-no a favor da deslocalização do Bonfim, para o Vale da Rosa e duzentos sócios contra.

Eu votei contra. Embora goste muito do Vitória no Bonfim, não teria tido grandes objecções em mudar para o Vale da Rosa, ou para outro qualquer local, desde que estivesse convencido que isso pudesse servir os superiores interesses do Vitória Futebol Clube.

Não foi o caso.

Tal decisão foi a confirmação de uma ausência de visão estratégica, nomeadamente dos nossos responsáveis autárquicos da altura, bem como os dirigentes do Vitória, dessa época, relativamente a esta questão.

Com o Euro 2004 teríamos tido um estádio novo e beneficiaríamos de toda a dinâmica associada.

Assim, passados cerca dezassete anos sobre a realização do Euro 2004, continuamos sem estádio novo.

O Estádio do Bonfim está inexoravelmente a ficar para trás, velho, antiquado, obsoleto, evidenciando uma falta de condições que a evolução dos tempos nos tem vindo a impor.

E assim tiveram início todas as trapalhadas relacionadas com a negociatas, venda e consequente posse dos terrenos onde se encontra o Estádio do Bonfim e áreas adjacentes, que foram, em boa-hora, revertidas com a aquisição do direito de superfície dos terrenos do Estádio do Bonfim, pela Câmara Municipal de Setúbal.

No momento em que escrevo esta crónica, irá decorrer uma Assembleia Geral. Lá estarei, espero que decorra de uma forma civilizada e que os superiores interesses do Vitória Futebol Clube sejam acautelados.

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