26 Junho 2024, Quarta-feira

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Francisco Jesus: “Tenho confiança na possibilidade de entendimento com o PS”

Francisco Jesus: “Tenho confiança na possibilidade de entendimento com o PS”

Francisco Jesus: “Tenho confiança na possibilidade de entendimento com o PS”

Presidente reeleito pela CDU quer falar com todas as forças políticas, em todos os órgãos autárquicos. Mas é com o PS que tem mais esperança de conseguir um “projecto que dê resposta aos sesimbrenses”

 

Na primeira entrevista após as eleições, o presidente da Câmara de Sesimbra, que perdeu a maioria absoluta, reconhece que é necessário saber interpretar os resultados e mostra-se disposto a criar as “pontes possíveis”. A CDU ficou com três vereadores, o PS, que conquistou a Freguesia da Quinta do Conde, ficou também com três, e o Chega com um. Francisco Jesus acredita em entendimentos, pelo menos pontuais, que permitam continuar os investimentos em curso e aproveitar a ‘bazuca’.

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Que análise faz dos resultados autárquicos em Sesimbra?

As nossas expectativas não seriam de facto estes resultados. Partimos para estas eleições com uma expectativa de manter a estrutura de resultados que tínhamos, face ao trabalho realizado, àquilo que foi também o volume de investimento que fizemos. Temos que respeitar os resultados e saber interpretá-los, é assim que temos de trabalhar. Já ponderámos e verificámos os resultados até por freguesia, mesa a mesa. Para nós é também claramente um sinal de que nem tudo correu bem e, a partir de agora, temos de criar as pontes possíveis para que haja uma governabilidade mais estável. É preciso que se consiga a concretização de um conjunto de projectos – com certeza numa correlação de forças diferente daquela que existia – que têm que ser executados em prol do concelho de Sesimbra. Estamos felizes porque mantemos a maioria, embora não absoluta, no município e na Assembleia Municipal. Mantemos maiorias absolutas nas freguesias de Santiago e do Castelo. Curiosamente, nesta última até reforçando a votação face às anteriores eleições. Claro que estamos tristes, não posso deixar de referir, por perdermos a Freguesia da Quinta do Conde. São dois contextos sociológicos diferentes, é preciso ter esta percepção, duas freguesias onde temos maioria absoluta e uma freguesia onde, desde sempre, tivemos maioria relativa, que acabámos por perder. Agora é trilhar o caminho daqui para a frente, tendo como grande objectivo a concretização e a resposta que temos que dar às necessidades das pessoas. Sem qualquer tipo de problema, é o que é!

As opções para a governabilidade não são muitas, ou o PS ou o Chega.

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Sim, no caso do município. Temos que olhar também para a Assembleia Municipal, que é uma realidade diferente. Há mais dispersão de eleitos. Acho que há duas dimensões que temos que reconhecer e ter em conta. Ponto número um, temos que procurar as pontes com aqueles onde eventualmente existe essa possibilidade. Se houver projectos antagónicos, visões antagónicas, acho muito difícil encontrar soluções consensuais, sejam elas pontuais ou numa perspectiva mais duradoura. Claro que do ponto de vista da Câmara Municipal está previsto sentarmo-nos com o PS para analisar resultados e ponderar se há alguma solução com um mínimo de compromisso entre as partes. Olhando obviamente também para a dimensão dos dois projectos que estiveram nas últimas eleições. Na Assembleia Municipal o espectro é maior. Não escondemos que em todos eles queremos conversar, abordar todas as forças políticas.

Ver da possibilidade de oferecer pelouros?

Acho que é difícil. Já percebemos ontem [quarta-feira] pelas declarações do líder do Chega, uma das forças políticas que está representada na Câmara Municipal, com a CDU e o PS, que não haverá condições de haver qualquer tipo de entendimento. Também reconheço que, com a visão antagónica que temos com essa força política, muito dificilmente conseguiríamos chegar a um consenso. Também é importante frisar que a questão não é a distribuição de tempos e pelouros, que claramente fará parte da equação num quadro de estabilidade mínima de governabilidade. A questão essencial, o ponto de partida, é encontrar os pontos comuns para um projecto que dê resposta aos sesimbrenses.

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Tem confiança de que esse entendimento vai ser possível?

Tenho sempre confiança. Não posso falar, obviamente, pelo PS, mas temos confiança, até pela relação que tem existido, desde sempre, com todas as forças políticas, que vai ser possível, seja em termos pontuais ou mais definitivos, encontrar as pontes necessárias para aquilo que é o importante, que é dar resposta aos problemas do concelho e aos investimentos que estão previstos

No ainda pouco tempo pós-eleições, o que começa já a perceber que queria e que deve fazer de diferente na governação da câmara?

Essa é uma interpretação que não podemos dissociar do contexto nacional, que não terei problemas em afirmar que nos é difícil. Não apenas pelo PS, que hoje é governo e tem um contexto nacional mais favorável – quando este é mais desfavorável ao PS também há reflexo nas eleições autárquicas – mas também tenho que reconhecer que, em parte, supra municipalmente, a própria CDU não está num contexto extremamente favorável, seja do ponto de vista da comunicação social, seja da sua dicotomia, que é verdade que existe. Do Governo temos que conseguir, ou tentar conseguir, as melhorias para o povo português, mas também temos que ter o nosso papel, que é importante, ao lado dos trabalhadores reivindicando os seus direitos. Percebo que é muito difícil de compreender, para o cidadão comum. É claro que a nível local nós também reconhecemos os nossos erros e estivemos num contexto, que agora já está esquecido, do último ano e meio de pandemia, que não é fácil. Tivemos o, talvez, maior volume de investimento num curto espaço de tempo, que ainda está a decorrer. A resposta que tivemos de dar à pandemia prejudicou muito algum trabalho de proximidade, nomeadamente ao nível do espaço público, e, na nossa interpretação, isso também pesou bastante nesse resultado final. Provavelmente hoje as pessoas também não querem ciclos de governação muito extensos e nós vamos ter que avaliar isso também e preparar um ciclo diferente, não apenas nestes quatro anos, como de futuro, para o projecto da CDU.

O que destaca como prioridade para os próximos dias e como aposta de fundo para o mandato?

Neste momento a prioridade é encontrar soluções que nos permitam garantir alguma governabilidade, partilhada com as forças políticas de uma forma transversal. Vai ser um exercício feito ao longo do mandato, garantidamente. É uma necessidade clara que vamos ter que ter que nos sentar com muita frequência com as diversas forças políticas para encontrar soluções, nem que sejam pontuais, para projectos estruturantes. Temos pela frente, para além dos investimentos que já vinham do mandato que agora terminou, um PRR com grande ambição ao nível da habitação pública. Já apresentámos, em sede da Área Metropolitana de Lisboa, as fichas de pré-candidatura, e aprovámos, recentemente, na Câmara, a Estratégia Local de Habitação, a que é preciso dar grande concretização no futuro.

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