Nos dias 22 e 30 de Agosto, um grupo de amigos da Associação Setúbal Voz respondeu ao apelo dessas mulheres de coração do tamanho dos nossos sonhos, as amigas e colegas coralistas Amália Marrafa e Paula Coelho, cujo desafio foi lançado por Bruno Frazão e deslocou-se à Rua Ladislau Parreira, na sede do CASA (Centro de Apoio aos Sem Abrigo), para confeccionarmos duas refeições, inserida no Projecto Social Tacho Solidário.
O Tacho Solidário é um projecto sem fins lucrativos, que teve como mentora essa grande setubalense e vitoriana chamada Cristina Augusto, e desenvolvido por um grupo de amigos em 2018, tendo como objectivo ir ao encontro dos mais vulneráveis com o seu tacho, afecto e uma mão amiga.
O espaço onde se situa o CASA, pertence ao actor setubalense Luís Aleluia, que o cede gratuitamente. A União das Freguesias de Setúbal também tem dado um apoio muito importante a esta associação.
Estivemos a confeccionar alimentos na companhia animada dos colegas e amigos coralistas.
O Coro Setúbal Voz e as outras valências da Associação Setúbal Voz, conseguiram transformar os constrangimentos provocados pelo Covid, num desafio, realizando diversos espectáculos intensos e inspiradores, pela mão do maestro Jorge Salgueiro.
Regressemos ao tacho. Em ambas as situações, a partir do fim da tarde, começou a verificar-se um movimento de pessoas que procuram alimentos; gente simpática, envergonhada, carente, procurando no calor da refeição, o gelo que têm por dentro.
Conversando com as senhoras Conceição Martins, Manuela Leitão e Susana Marques, estas informaram-nos que existe um protocolo a nível nacional, entre a cadeia de supermercados Pingo Doce, relativamente às sobras, ou seja, aos alimentos não vendidos e que são direccionados para o CASA.
Este protocolo constitui um magnífico exemplo de inserção no tecido empresarial na dimensão social.
Devia ser sempre assim, mas não é. Infelizmente. Parece que o Pingo Doce é a excepção à regra, tal como é também a loja de comida para fora Mestre Food, que tem idêntico procedimento.
Referiram também que existem cada vez menos famílias a solicitarem apoio e cada vez mais sem-abrigo a fazê-lo.
As pessoas que por aqui fazem voluntariado, merecem-nos todo o carinho, respeito, gente de coração muito, muito grande, do tamanho do Amor que têm para dar.
Todos nós nos disponibizámos para voltar todas as vezes que for necessário.
Estes são tempos de absoluta necessidade de solidariedade. Esta representa um sentimento operativo extraordinário capaz de agregar pessoas, constituindo um dos valores fundamentais e universais, na procura de soluções globais, mas agindo localmente.
Existe todo este exército impagável e insubstituível, constituído por voluntários, indivíduos de boa vontade que estão sempre disponíveis para ajudar os outros. Em todos os sectores, o voluntariado representa uma estrutura fundamental nas nossas sociedades.
Torna-se um imperativo repensar uma forma diferente de encarar o mundo, com uma maior humanidade, compaixão, e uma vontade de criar efectivamente mecanismos que permitam uma divisão mais equitativa da riqueza.
Necessitamos de uma sociedade mais fraterna, inclusiva, humanista, tolerante.
A boa notícia é que existem vários grupos de voluntários, que ocupam todos os dias da semana, confeccionando alimentos.
Foi uma honra e um privilégio para a Associação Setúbal Voz, procurar resgatar o próprio sentido existencial, o sentido desta vida, nestes pequenos, mas significativos gestos.
Necessitamos de Amor. L’Amore. Sempre.