Apesar de todas as sombras e violências do colonialismo, a cultura que animou a transformação de Portugal, a partir do século XV, numa nação espalhada pelo mundo que hoje partilha a quinta língua materna mais falada no mundo, foi universalista.
É isso que explica ter Afonso de Albuquerque, o mesmo que foi considerado “terrível” pelas suas conquistas militares na Índia, arquitectado uma política de casamentos entre os seus soldados e mulheres goesas, que ainda hoje é a raiz da identidade desse Estado da União Indiana. Isso também explica terem os Jesuítas ordenado padres entre os ameríndios da Amazónia e os samurais japoneses.
O brutal racismo pseudocientífico irrompe no século XIX. O Ocidente envaidecido pelo seu poderio tecnológico, retirou da humanidade os que eram diferentes. Os crimes do passado só podem ser corrigidos no presente e no futuro.
Setúbal, de onde partiram expedições militares e missionários, orgulha-se de ter entre os seus cidadãos gentes das mais variadas partes. O único império que nos une deverá ser o da gramática comum da coabitação colaborante, pacífica e respeitadora.
Da Europa de Leste, do Brasil, de África chegam novos cidadãos, que com a energia e coragem dos migrantes, trazem trabalho e vontade de pertença. Os municípios têm aqui um papel fundamental. As políticas de reordenamento urbano, de promoção cultural, de apoio à juventude são fundamentais para que todos se sintam em sua casa.
Director convidado da edição de aniversário d’O SETUBALENSE