Município já ultrapassou as metas definidas para a redução da pegada de carbono. LOGZ avança com investimento. Protocolo assinado ontem com a autarquia
Quando ontem Álvaro Balseiro Amaro colocou o preto no branco já sabia que o município de Palmela estava a posicionar-se muito à frente no cumprimento das metas estabelecidas no pacto (internacional) de autarcas, em matéria de clima e energia, para redução da pegada carbónica. A autarquia acabava de celebrar com a LOGZ – Atlantic Hub, na Biblioteca de Palmela, um protocolo de cooperação para mais um investimento “verde” de monta no concelho: superior a 200 milhões de euros. A construção da Central Solar Fotovoltaica de Rio Frio deverá permitir reduzir, pelo menos, a emissão directa de cerca de 133 mil e 650 toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano.
“Este é mais um investimento que se insere na estratégia de combate às alterações climáticas, na qual o município tem estado muito empenhado, tirando partido das condições do território do concelho para contribuir para a estratégia nacional e para o plano municipal de energia sustentável”, disse o presidente da autarquia palmelense, Álvaro Amaro, a O SETUBALENSE, poucas horas antes de rubricar o acordo com a LOGZ. A instalar numa parte dos terrenos da Plataforma Logística do Poceirão – que “ficará ainda com muitos hectares de área disponíveis”, adiantou o autarca –, o futuro equipamento ocupará aproximadamente 133 hectares e será composto por 614 016 módulos solares fotovoltaicos de 440 Wp (watt-pico), estimando-se que apresente uma potência máxima de injecção na rede de 200 MVA (megavolt-ampère). E a produção anual prevista é de 472,500 MWh (megawatt-hora), o equivalente a 1 750 horas de produção por ano.
“Com mais este investimento ultrapassamos em muito as metas do pacto [internacional] de autarcas [em matéria de clima e energia], para redução da pegada de carbono”, realçou o autarca, que lembrou ainda que este parque solar, à imagem de outros igualmente já garantidos para o concelho, permite salvaguardar questões relacionadas com vertentes paisagísticas, por ter aproveitamento de plantação do solo.
Contrapartidas e criação de emprego
Além do desenvolvimento empresarial, a criação de emprego é outra das vantagens, já que, segundo Álvaro Amaro, o investimento “aponta para a contratação local”. Desde logo, prevê-se a contratação de “umas dezenas largas na área da construção” bem como para “a manutenção do espaço”, embora neste último caso “em número mais reduzido”.
A estas vantagens juntam-se ainda as contrapartidas exigidas pelo município, como a pavimentação de várias vias que estão em terra batida, no acesso e na envolvente ao futuro equipamento. “As ruas do Caramelo e do Bocage” são, entre outras, vias contempladas, que vão começar a ser asfaltadas dentro de um ano, ou seja “a contar da data de assinatura do protocolo [ontem]”, destacou o edil. A autarquia vai ainda receber, no âmbito do protocolo, 10 carregadores para automóveis eléctricos.
O início da exploração da central solar fotovoltaica está previsto para o primeiro semestre de 2024, sendo que até lá são necessários alguns licenciamentos a atribuir pelas entidades competentes.
O projecto resulta da parceria entre o Grupo Mota-Engil, através da sua participada LOGZ – Atlantic Hub, e o Grupo EcoDev, sediado no Reino Unido.
Em Junho último, a autarquia já havia promovido a apresentação de outras três centrais fotovoltaicas – em Algeruz, Poceirão e Pinhal Novo – a construir pela empresa suíça Smartenergy, num investimento de mais de 83 milhões de euros. Dias antes havia sido também lançada a primeira pedra da Central Fotovoltaica da Quinta do Anjo, que ascende a 35 milhões de euros, da responsabilidade da NextEnergy Capital.