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Metro Sul do Tejo: uma promessa por cumprir

Metro Sul do Tejo: uma promessa por cumprir

Metro Sul do Tejo: uma promessa por cumprir

31 Maio 2021, Segunda-feira
Joana Mortágua

A história que vos quero contar começa em 2002, quando Manuela Ferreira Leite e José Luís Cardoso de Meneses Brandão assinaram um contrato que mudaria para sempre o desenho de Almada: uma promessa de modernidade.

A primeira todos conhecem, era ministra do Governo de Durão Barroso; o segundo era o representante da estrutura accionista de uma entidade concessionária composta pela Barraqueiro, pela Teixeira Duarte, pela Sopol, pela MotaEngil, pela Ensulmeci e pela Siemens. Esse contrato deu origem a uma das PPP’s mais ruinosas da época: o Metro Sul do Tejo.

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Por esse investimento tão necessário, as entidades públicas – nós – garantimos à cabeça 284 milhões de euros, e a entidade concessionária ficou responsável pelo material circulante, ou seja, basicamente pagou os comboios por 55 milhões, 16% do projeto. A obra lá se fez mas o metro atrasou-se, em vez de começar a circular em 2005, só começou em 2008, e por causa desse atraso pagamos mais 77,5 milhões ao concessionário privado.

Estava então concluída a primeira fase do Metro Sul do Tejo e nunca passou daí a nossa prometida modernidade. Sobre esse negócio é necessário dizer mais duas coisas. A primeira é que o contrato poupava os privados de todo o risco e obrigava o Estado – nós – a indemnizar os privados sempre que o número de passageiros não atingisse um determinado limite. Quando tentei perceber que limite era esse descobri que para o Estado deixar de pagar era preciso que o  metro fosse utilizado por mais de metade das pessoas que faziam movimentos pendulares dentro ou por Almada, uma coisa um bocadinho difícil se tivermos em conta que nem 40% dessas pessoas preferiam o transporte coletivo. Conclusão: todos os anos o número de passageiros ficou aquém do previsto e todos os anos pagámos uma renda milionária à Barraqueiro.

Depois de duas décadas e mais de 500 milhões de euros públicos é difícil entender a proposta feita pela candidatura da CDU para começar tudo de novo e enterrar o metro. O que me leva à segunda coisa a dizer sobre aquele negócio: é que, ao contrário do que foi prometido, o projeto nunca chegou ao Barreiro, nem nunca passou da Universidade.

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Ou seja, não só pagámos um preço exorbitante, como nos ficaram a dever na tal modernidade. E não vale a pena ir à procura na chamada Bazuca – onde estão a expansão do metro de Lisboa e do Porto – porque não está lá Metro Sul do Tejo. Depois de anos a ouvir que o problema eram os desentendimentos com o Governo, os almadenses ficaram agora a saber que quatro anos de sincronia partidária entre a autarquia e o Governo também não chegaram. O Partido Socialista parece ter abandonado o projeto de expansão do Metro Sul do Tejo ao arco ribeirinho sul.

Nós não. Queremos o metro do Barreiro à Costa da Caparica, queremos transportes rodoviários públicos, queremos transportes gratuitos, a começar pelo passe gratuito para os desempregados. As rotundas que o podem até ajudar à gestão do trânsito, mas modernidade, hoje, é resolver os problemas de trânsito com transportes públicos.

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