Árvores nos parques, jardins e ruas, para que servem?

Árvores nos parques, jardins e ruas, para que servem?

Árvores nos parques, jardins e ruas, para que servem?

11 Maio 2021, Terça-feira
Manuel Henrique Figueira - Munícipe de Palmela -manuelhenrique1@gmail.com

Caro leitor, as árvores nos parques, jardins e ruas, aparentemente, dão-nos apenas sombra, despoluem o ar e tornam a paisagem mais natural e agradável: mas elas têm «múltiplas e extraordinárias funções biológicas», diz-nos Jorge Paiva (JP), biólogo, botânico, professor catedrático jubilado da Universidade de Coimbra.

E JP enumera as funções: «purificar o ar (libertam oxigénio através da função clorofilina e sequestram carbono); reduzir os efeitos das alterações climáticas; combater a poluição; constituir espaços de lazer, actividade desportiva e recreativa (nos parques e jardins); amenizar o calor dos estios com a sombra; dar à paisagem urbana a “sugestão” verde de um cenário natural».

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Por isto, segundo JP, as cidades, e as localidades, em geral, devem ser «um “arboreto” ou “floresta urbana” (…), o que não acontece em Portugal». O Funchal é a «que mais se aproxima do espaço verde ideal num ambiente urbano; e Viseu a que tem maior área relativa de artérias urbanas arborizadas».

Mas para as árvores cumprirem as funções, JP diz-nos que devem ter a «maior ramada possível plena de folhagem», limitando-se a poda a «aparar a ramada ou remover ramos (…) doentes ou mortos» e não a remover todos os ramos, isso não é poda, é «derrota da ramada». A copa não deve ser eliminada por completo nem os ramos cortados indiscriminadamente.

E para cumprirem a função vital para os habitantes das localidades, produzir a «quantidade de oxigénio necessária para a vivência saudável de um indivíduo da espécie humana num espaço urbano», é preciso «uma superfície foliar de 150 m2 (…), que corresponde a (…) 40 m2 de espaço verde [por pessoa] num ambiente urbano», diz-nos ainda JP.

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E deve-se escolher bem as «árvores para as artérias urbanas: uma de grande porte pode ficar bem numa avenida larga, mas nunca numa rua estreita». E na escolha das espécies, estas devem ser aromáticas, de folha perene ̶ tílias ̶ e, de preferência, nativas: laranjeiras, loureiros, etc. (em Palmela, o topónimo serra do Louro veio dos loureiros espontâneos).

Apesar do que nos diz JP, o que há um pouco por todo o lado? Em vez de arboretos, há florestas de prédios altos (às vezes nos antigos traçados medievais das ruas) E há árvores mutiladas, parecidas com postes de electricidade, (agora que os cabos eléctricos foram enterrados, pelo menos nas localidades que já entraram no século XXI). Os actuais podadores (mutiladores) de árvores mais parecem magarefes (habituados a desmanchar carcaças de bovinos à machadada ou com serras eléctricas), que, por engano, trabalham em jardinagem.

Porquê podar as árvores todos os anos? Para limitar as suas funções no espaço urbano e lhes reduzir o tempo de vida? E pior se for com «derrota de ramada», cortando tudo o que cresceu durante o ano anterior, o que as mutila gravemente (Foto 1).

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Dada a escassez de parques e jardins, o dinheiro das podas inúteis deve gastar-se: em plantar árvores nos pequenos canteiros abandonados (Foto 2), escolhendo bem as espécies, isolando o solo com tela para não criar ervas e cobrindo-o com pedra decorativa, o que evita os gastos de roçar a erva que aí cresce; em cuidar das que existem, usando a força dos magarefes da «derrota de ramada» para arrancar as raízes das que morreram ou foram cortadas por entrarem nas janelas das casas e causarem alergias? Com raízes adultas, não tardará que voltem a causar os mesmos problemas (Foto 3).

Nota: o meu próximo artigo será o último e nele explico porquê.

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