27 Junho 2024, Quinta-feira

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PEDRO PINELA: “Quase desde o início que a polícia não tinha suspeitas a meu respeito”

PEDRO PINELA: “Quase desde o início que a polícia não tinha suspeitas a meu respeito”

PEDRO PINELA: “Quase desde o início que a polícia não tinha suspeitas a meu respeito”

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Jovem do Pinhal Novo está a dar a volta ao mundo e já tinha abordado as circunstâncias do caso vivido na Índia. Agora revela, em discurso directo, como viveu durante um mês com os bens confiscados

Quando me encontraram em Anjuna, Goa, deram-se de caras com um viajante surpreso e assustado. Respondi-lhes a todos as perguntas, sem contradições e eles relaxaram. Quatro polícias num jipe aceleravam, num apito incessante, com um português ao centro, a dormir nos seus ombros. Luz azul ligada no tejadilho. 900 quilómetros de caminho. Chegamos ao segundo dia, parando em dois hotéis.

Aliás, sou interrogado por três agências policiais diferentes – polícia do estado, polícia de inteligência e uma polícia própria para os estrangeiros – simpatizámos todos; não tinham qualquer queixa.

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O caso manteve-se em tribunal porque as autoridades religiosas queriam ter a mais absoluta certeza. Estavam cépticas, as autoridades religiosas. O governo suporta-as e elas encarregam-se de proteger a instituição que institui a fé hindu.

Passei em Kerala um mês com grande parte dos meus pertences confiscados. Pedi dinheiro emprestado a amigos que fiz na polícia, porque não tinha cartões; não me podia afastar muito, porque não tinha passaporte; ia ao InternetCafe, todos os dias, porque não tinha computador, nem fotografias próprias para me acompanharem a escrita.

Um mês, assim. E omiti os cinco dias na cadeia propriamente dita.

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Invasão de propriedade

Não deixarei de dizer, no entanto, as razões para todo este tempo. É que nada desapareceu nem ficou estragado depois da minha presença no templo onde queria dormir. Havia, sim, dois sistemas avariados! O sistema de vigilância do templo e o sistema judicial do Estado de Kerala, senão da Índia inteira. Há muita gente que só não está livre pela lentidão dos tribunais ou pela severidade da lei.

Dou entrada na Índia no dia 11 de Março. A 21 sou apanhado. Dia 25 de Abril, sou liberto – o processo está terminado. Declaro-me culpado de invasão de propriedade privada ou do Estado? Pago uma multa de 1000 rupias (14 euros) e devolvem-me o que é meu.

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Numa caixa à parte: Kerala é um distrito do sudoeste da Índia. Quando dizem que Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia, Vasco da Gama descobriu Kerala, mais especificamente. Aí existiram as primeiras colónias que só depois se estenderam a Goa e Diu, para norte, na mesma costa.

Daí, o meu 25 de Abril, nesta Índia portuguesa, não teve certamente nada que ver com o significado que lhe atribuímos em Portugal. É só que senti que me devolviam a liberdade, depois de ma tirarem. O que se sentia numa nação há 43 anos.

Pedro Pinela

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