A celebração do 47.º Aniversário da Revolução de Abril sugere-nos homenagear o Movimento da Forças Armadas que a corporizou, mas também as forças políticas que criaram as condições para o sucesso da Revolução.
O sucesso da Revolução pode medir-se pela concretização, praticamente imediata, de dois dos seus três grandes objectivos, popularmente conhecidos por 3D. D de Democracia, D de Descolonização e D de Desenvolvimento.
Relativamente ao terceiro D – Desenvolvimento – o gritante atraso decorrente do isolamento internacional, que a todos os níveis se observava fez-nos saltar barreiras e aproximarmo-nos dos países desenvolvidos.
Recordo agora a génese da Quinta do Conde e lembro que a ditadura, o dito Estado Novo, nunca se preocupou com políticas de habitação e nos últimos anos a situação tornou-se mesmo insustentável, sendo o território da atual Freguesia da Quinta do Conde, a começar pelo Casal do Sapo uma consequência dessa não resposta à crise habitacional.
Quinta do Conde que, com a Revolução de Abril e com a instituição do Poder Local Democrático viu criadas as condições para se tornar numa localidade com níveis aceitáveis de vida, fruto do empenho dos seus residentes e, sublinho, do Poder Local.
Não direi o mesmo do Poder Central que aqui sempre negligenciou as suas responsabilidades. Basta recordar as lutas antigas pela publicação do Plano de Urbanização e pelos equipamentos a que muito justamente tínhamos direito.
Continuamos a ter, no presente, avultadas razões de queixa do Poder Central:
A construção da Escola Secundária na Quinta do Conde não sai do papel;
Para a requalificação da Escola Michel Giacometti o governo vai empurrando sem resolver nada;
A construção da nova Unidade de Saúde é um projecto adiado de mês para mês, ano após ano;
O mesmo se dirá da construção do Lar de Idosos do Centro Comunitário;
E da construção do Quartel para a GNR;
E da conclusão do CAO-Centro de Atividades Ocupacionais e Lar Residencial da Cercizimbra, no Pinhal do General;
E da construção da Rotunda em Negreiros, que não foi sequer inscrita no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), o tal que remete para os fundos da dita “bazuca”.
Não se esgota nesta lista de obras a política de adiar, de ignorar de não concretizar compromissos.
É confrangedora a postura do Governo, aliás dos sucessivos governos, mas particularmente do atual, que governa há seis anos e neste período não há, um tijolo que seja, em obra pública na Quinta do Conde.
Não é assim que se concretiza o Desenvolvimento, o terceiro D de Abril.
A Quinta do Conde deve ter uma posição muito mais crítica e mais exigente, relativamente ao governo.
A Revolução de Abril criou perspectivas bem diferentes e na comemoração do seu 47.º aniversário, temos a obrigação de fazer este aviso, um alerta ao governo para mudar o rumo.
Viva o 25 de Abril!