CONCURSO DE VINHOS DA COMISSÃO VITIVINÍCOLA REGIONAL DA PENÍNSULA DE SETÚBAL (CVRPS)
Crescimento já atinge 20% face ao mesmo período do ano passado. Recuperar perdas das exportações para Angola é agora um dos principais desafios
Henrique Soares, presidente da Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal (CVRPS), afirmou na cerimónia de entrega de prémios do XVII Concurso de Vinhos que a região está a crescer 20% face ao mesmo período de 2016.
Fazendo um balanço de 2016 como “um bom ano” em que se manteve o volume de facturação, o presidente da CVRPS disse que a região tornou a crescer no mercado nacional e atingiu “um novo máximo”, de 14%. “Este bom resultado, desta vez, não esteve tão dependente do excelente desempenho da distribuição, mas contou também com um assinalável crescimento no canal Horeca, a que não é alheio o enorme crescimento de turistas em Lisboa e na Península de Setúbal”, disse.
Em matéria de exportações, o desafio que se coloca agora é o do mercado angolano. “Continuámos a procurar mitigar a consequência das dificuldades que assolam o mercado angolano desde 2014 e estamos cada vez mais próximos de o conseguir em absoluto”, disse Henrique Soares. Para tal têm contribuído as exportações para o Brasil, que voltou a crescer em 2016, e para o Canadá e para a China, que mantiveram a procura.
Mas a União Europeia voltou a ser, na sua globalidade, o maior destino dos vinhos nacionais, com a Escandinávia, Reino Unido e Alemanha a destacarem-se. “De salientar também o crescimento agregado de uma série de mercados que à primeira vista eram destinos improváveis dos nossos vinhos: Sérvia, Ucrânia, Rússia, Moçambique, Paraguai, México, Colômbia e Japão. Todos eles somados, são já um mercado interessante para os vinhos de Palmela e da Península de Setúbal”, notou Henrique Soares.
Sobre os desafios “crescentes” que se colocam ao sector do vinho na União Europeia, decorrentes da globalização, o presidente da CVRPS mostrou-se convicto de que “a próxima reforma da OCDE e o novo regime de direitos de plantação” possam ajudar a mitigá-los, “contribuindo assim para a melhoria da competitividade” dos produtos da região.
“Mas as oportunidades também são muitas, e esta região tem demonstrado que é capaz, que tem produtos com qualidade e tem dimensão e escala para aproveitar todas as oportunidades e é isso que tem vindo a acontecer”, elogiou ainda, num ano em que se comemoram os 110 anos da criação da região demarcada do Moscatel de Setúbal.
Na cerimónia, foram atribuídos também diplomas de mérito aos restaurantes Galeria, da Cova da Piedade (Almada) e A Tasca Galega, do Barreiro, por terem cartas de vinhos representativas da diversidade e qualidade da produção da região, que “é muito rica pela diversidade da sua gastronomia, que assenta no peixe mas não só”, disse Henrique Soares.
Em declarações aos jornalistas, o presidente da CVRPS admitiu que gostaria que os vinhos “estivessem mais presentes na restauração”. “Acho que têm qualidade e têm condições para estar mais presentes, na medida em que é interessante para o turista, quando vem à nossa região, provar o vinho da região e não de outro produtor”, considerou.
Em balanço ainda dos 25 anos, celebrados o ano passado, em que a Comissão Vitivinícola Regional da Península de Setúbal esteve sempre ao lado dos empresários e produtores, o presidente não pôde deixar de congratular-se com as vinhas novas e reestruturadas que surgiram, com as adegas novas e remodeladas que se construíram e com “os milhões de investimento que se materializaram” na manutenção e criação de empregos no sector agrícola da região.