Várias doutrinas defendem que a maior riqueza que um pai pode deixar aos filhos são os bons exemplos. Até aqui tudo bem. A questão que inquieta é: andarão os pais portugueses a passar bons exemplos aos filhos? É aqui que peço ao caro leitor toda a atenção.
Segundo relatos recentes, um grupo de jovens finalistas gastou dinheiro em álcool e drogas e quase destruiu um hotel, o que parece estar de acordo com os exemplos que vêem em casa: um grupo de pais destes finalistas gastou dinheiro em banqueiros e quase destruiu um país.
Tendo como base este intróito, desenvolvi um estudo bastante fiável que apresenta duas conclusões importantes. Uma é que os portugueses são, na verdade, uns choninhas. A outra mostra que os portugueses são, contrariamente ao que diz Dijsselbloem, um povo que não se sabe divertir. Enquanto palitava os dentes, arrotava e limpava o balcão, o presidente do Eurogrupo, declarou que os europeus do sul gastam todo o dinheiro em “copos e mulheres” e depois recorrem a pedidos de ajuda externa. Ora, como se comprova no início desta narrativa, em nenhum momento surgiram relatos com base em diversão que divirta mesmo. Falo, sobretudo, de um par de seios. No fundo, os portugueses despendem muito dinheiro em diversão, mas numa diversão pouco foliona. Dijsselbloem acertou em quase tudo, na medida em que, aparentemente, as gerações mais novas preferem regurgitar hotéis e as gerações mais velhas optam por meter notas nas cuecas de homens de fato e gravata, a divertimentos realmente interessantes como gastar dinheiro em mulheres desnudadas. Isto faz-me pensar que sou um excluído socialmente.
Onde Dijsselbloem viu diversão, eu vi tédio. Na verdade, desconhece-se a razão destas declarações do presidente do Eurogrupo. Ocorre-me agora que talvez Dijsselbloem tenha tomado contacto com excertos do “Soneto do Epitáfio”, de Bocage:
“Aqui dorme Bocage, o putanheiro;
Passou vida folgada, e milagrosa;
Comeu, bebeu, f…. sem ter dinheiro.”