O ano que agora se inicia poderá ser muito diferente no final, fruto de alterações legislatórias e conjunturais que poderão influenciar o mercado imobiliário.
Começando pela mais óbvia, o impacto macroeconómico. Com uma queda de 8,1% do PIB nacional projetada pelo Banco de Portugal para 2020, e uma contração mundial prevista de 3% pelo FMI, constata-se um cenário de maior incerteza para os próximos anos. Digo incerteza, porque nesta fase é demasiado cedo para prever o impacto das medidas que estão a ser, e serão tomadas. De todo o modo, cenários de incerteza adiam decisões de investimento profissional, o que poderá adicionar escassez ao stock de habitação disponível.
As moratórias são outro tema quente. Mantendo-se o prazo de término deste regime excecional, as famílias portuguesas começarão a sentir o impacto nas prestações dos seus créditos já em Setembro. Serão 2 mil milhões de Euros de adiamentos que serão diluídos nas prestações mensais, o que aumentará o encargo mensal dos portugueses. Este resvalo no orçamento familiar levará inevitavelmente a um aumento da oferta de imóveis, o que por sua vez poderá travar o crescimento dos preços.
Outra das alterações que aconteceram em 2020 e que se vê prolongar-se durante 2021, é a redução da taxa de ocupação do arrendamento de curta duração. Outrora um modelo de negócio apetecível, como alternativa mais rentável face ao arrendamento de longo prazo, mostrou-se pouco robusto quando as viagens ficaram restringidas. Esta leitura sai reforçada pela legislação aprovada pelo estado, que permite converter um estabelecimento de alojamento local em arrendamento acessível.
Incerteza será a palavra de ordem. Quer seja comprador ou vendedor, o importante será tomar ações informadas.
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