“O Montijense devia ser a quarta língua oficial de Portugal” [com VÍDEO]

“O Montijense devia ser a quarta língua oficial de Portugal” [com VÍDEO]

“O Montijense devia ser a quarta língua oficial de Portugal” [com VÍDEO]

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Andaram juntos no infantário. Não se viam há duas décadas. Em comum têm, desde logo, o facto de serem montijenses e de adorarem a terra-mãe. Reencontraram-se e partiram para um projecto humorístico que já conquistou a alma da comunidade aldeana

Ficaram conhecidos pelos vídeos humorísticos lançados nas redes sociais. O nome desta dupla diz tudo: “Dois Gajos do Montijo” ou do “Muntije”, como se pode dizer à boa velha maneira aldeana. João Dinis, 30 anos, gestor, e Francisco Beatriz, 29, actor, são os rostos de quem tem realçado com humor o sotaque e a forma de se falar “tradicionalmente à Montijo”.

DIÁRIO DA REGIÃO – Como se podem definir os Dois Gajos do Montijo?

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Francisco Beatriz – Somos dois gajos que, principalmente, são do Montijo.

João Dinis – Nascemos aqui…

DR – Como e quando nasceu este projecto humorístico?

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JD – Nasceu a partir de uma brincadeira. Eu e o Francisco fomos colegas de infantário, éramos muito amigos até aos 6 ou 7 anos. Só o sabemos porque temos muitas fotos juntos. Depois, durante 20 anos perdemos contacto. Até um dia em que numa festa de um amigo comum reconhecemo-nos. E foi a partir desse reencontro que nasceu a ideia. Decidimos fazer um podcast…

FB – … decidimos fazer uma jantarada para os animais, eh eh eh. Arrancámos há cerca de um ano, pelas Festas de S. Pedro, mas os vídeos começámos a fazer há um mês e tal.

DR – De improviso, são capazes de arranjar um exemplo do que diriam Dois Gajos do Montijo ao serem convidados para uma entrevista pelo DIÁRIO DA REGIÃO?

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FB – “Tó, atão na havéramos de ir. Diz que o repaz é bom pequeno, na é? O repaz é um bom pequeno, é um jornal como deve ser”…

JD – … “é bom repaz, o mê pai diz que é bom repaz. É um jornal perfeite, na é daqueles mandonguedes de Lisboa”.

FB – “Por que carga d’ água é que a gente na havéra d’ir, né?”, foi assim que dissemos um ao outro, na altura em que nos contactaste.

DR – Vão em quantos episódios já realizados em vídeo?

JD – Já gravámos 12, seis que compõem esta primeira temporada, sendo que o sexto deve sair ainda esta semana. Depois temos mais seis de uma segunda temporada que sairá brevemente. Os vídeos só têm dignidade porque o Diogo Dias realiza-os. É uma reconhecida figura pública da nossa praça, é apresentador da MTV há uma série de anos e vocalista da banda The Cleft.

FB – Vamos no quinto e esta semana sairá o sexto episódio do Dicionário Português Montijense.

DR – Português e Montijense que são coisas diferentes…

FB – Coisas absolutamente diferentes. A Porto Editora ainda não se lembrou disto e alguém tinha de pegar nisto, porque faz falta.

JD – Se há o Mirandês, por que não também o Montijense?

FB – Nem vamos entrar por aí. Um dos grandes objectivos é isto ser a quarta língua oficial de Portugal. Já temos o Português, o Mirandês e a língua gestual portuguesa e agora o Montijense…

JD – … Queremos ter assento na CPLP [Comunidade dos Países de Língua Portuguesa].

DR – E as críticas, têm recebido mais positivas ou negativas?

FB – Têm sido mais positivas.

JD – Incrivelmente mais positivas

FB – Temos uma página no Facebook, que curiosamente se chama “Dois Gajos do Montijo” e, se quiserem lá ir deixar um like, são sempre bem-vindos.

DR – “Primes”, o que dizem dois gajos do Montijo ao verem passar uma menina bonita de outra terra?

JD – Houve alguém que há pouco tempo nos enviou uma frase que é bastante aplicável a este caso. Queres dizer, Francisco?

FB – “Epá, eu se vir duas parigas benitas a passar da rua?” Digo: “Tó, estas catrefas querem-se é pindurar, né.”

DR – O que traduzido para português…

FB – “Tão-se a fazer ó pise”. Mas, vamos explicar em breve. A própria expressão, para quem é do Montijo, diz tudo: “elas querem festa”.

JD – Estavas a rir, escusas de estar a perguntar o que quer dizer, porque já sabes.

DR – Em termos de futuro no panorama humorístico, já pensaram nisso?

FB – Não sabemos como nos encontramos no presente, quanto mais no futuro.

JD – Isso é uma pressão muito grande.

FB – Estamos a fazer isto, porque gostamos. Não pensamos nisso.

JD – Isto é só fixe de fazer, não há outra razão.

FB – Nem estávamos à espera que houvesse tanta gente a ver e a partilhar…

JD – Esperávamos ter duas pessoas, que era eu e ele. A partir daí era sempre ganho.

DR – Isto já lhes permitiu serem reconhecidos em locais públicos na comunidade montijense, por exemplo?

JD – Eu estava em Lisboa e houve alguém que, por acaso até é de Alcochete, me reconheceu num espectáculo a que eu estava a assistir no São Jorge.

FB – Na semana passada, fui cortar o cabelo em Lisboa e de repente um dos barbeiros de lá disse: “Tu não és o gajo dos vídeos do Dicionário Português Montijense?” Ele explicou logo que há uma pequena que namora, que não sei quê, que é do Montijo…

JD – Mas não somos reconhecidos na rua. Isso não acontece. Somos só dois gajos que fazem vídeos parvos. Tanto que não acontece, que nós lembramo-nos de quando acontece.

DR – Não têm nada previsto para as Festas de S. Pedro?

FB – Não temos ainda nada previsto, mas gostávamos muito de fazer um episódio ao vivo nas festas.

JD – Outra coisa que gostávamos de fazer e aproveito para lançar desde já o repto: vamos querer entrevistar os candidatos à Câmara do Montijo.

FB – Nunca será uma coisa muito formal, mas a realizar antes das eleições.

DR – Como diria o “prime”: e gajas?

FB – Gajas é vê-las passar, ah ah ah.

JD – “Querem-se é pindurar”, eh eh eh.

DR – Para terminar, como deve o DIÁRIO DA REGIÃO agradecer a vossa presença na linguagem utilizada pelos Dois Gajos do Montijo?

JD – “Atão, na havéras de agradecer. São repazes perfeites…

FB – … “dois repazes muite prendades, muite benitinhes. Mê ricos menines. E agora vamos-nos encontrar aí das festas, pa beber uma mine, na é?”

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