23 Julho 2024, Terça-feira

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Provedor da Misericórdia pode apresentar demissão já amanhã na sequência do caso das vacinas

Provedor da Misericórdia pode apresentar demissão já amanhã na sequência do caso das vacinas

Provedor da Misericórdia pode apresentar demissão já amanhã na sequência do caso das vacinas

José Braço Forte foi vacinado com a mulher. Teve o apoio da maioria dos membros dos órgãos sociais. Nova reunião indicia recuo na decisão

 

Os órgãos sociais da Misericórdia do Montijo voltam a reunir-se amanhã, a pedido do provedor, José Manuel Braço Forte, que pode apresentar a demissão do cargo.
Isto depois de, na reunião de sábado passado, o provedor ter recusado renunciar às funções, quando confrontado pelo presidente da Assembleia Geral, João Afonso, com o facto de ele e a esposa terem sido indevidamente vacinados contra a covid-19.
A convocatória agora solicitada ao presidente da Assembleia Geral deixa antever que o provedor terá recuado na decisão de continuar à frente dos destinos da Santa Casa. No entanto, não é líquido que isso venha a acontecer, conforme faz notar João Afonso.

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“Atendendo ao seu comportamento, de não reconhecimento do erro, admito todas as hipóteses”, revela o presidente da Assembleia Geral.

O SETUBALENSE tentou obter esclarecimentos nesse sentido junto de José Braço Forte, mas até ao fecho desta edição não obteve resposta, apesar da tentativa de contacto telefónico e do envio de mensagem.

Na reunião de sábado, o provedor contou com o apoio da maioria dos mesários, mesmo depois de ter admitido que a sua mulher tinha sido vacinada, ao contrário do que havia garantido dias antes quer a O SETUBALENSE quer a pelo menos um membro da direcção. Ele e a mulher figuraram, respectivamente, no 47.° e 48.° lugar da lista de profissionais da Unidade de Cuidados Continuados Integrados da instituição que foram inoculados, no passado dia 22.

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“Ele achou que o comportamento que teve foi correcto”, diz João Afonso, que desconhece o que poderá sair da reunião de amanhã, ao mesmo tempo que classifica a situação como “inaceitável e vergonhosa”. “Na reunião de sábado não aceitei a justificação do senhor provedor e, após ouvir também todas as pessoas, considerei que ele não tinha nem tem condições para continuar”, adianta. “Todos os membros dos corpos sociais, à excepção do mesário Ilídio Massacote, ficaram solidários, diria mesmo, acerrimamente solidários com a posição do provedor. Esta mesa e este provedor vão ficar na história, por uma responsabilidade activa e passiva, como uma das mesas que foi protagonista de um dos maiores escândalos da Santa Casa da Misericórdia. Lamento que essas pessoas tenham ficado do lado errado da história”, afirma.

“Já era grave a esposa do senhor provedor ter sido vacinada à frente de uma parte de funcionários e utentes. Mais grave se tornou quando violou grosseiramente a verdade”, salienta. E, a complementar, atira: “Vacinar 30 e tal mulheres que estão a representar a Santa Casa, sendo que 20 delas foram contaminadas e uma contagiou o marido, que em resultado disso morreu, parece-me mais prioritário do que vacinar o provedor e a mulher.”

José Braço Forte alegou que a esposa foi incluída na lista de pessoas a vacinar como voluntária da instituição. Mas João Afonso tem indicação contrária. “A informação que tenho dos serviços é que a senhora não faz voluntariado há mais de um ano e por altura da vacinação também não fazia. Não há correspondência entre o que ele diz e a realidade”, dispara o presidente da Assembleia Geral, que atribui toda a responsabilidade do caso ao provedor.

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“Ele disse que a inclusão dos nomes na lista era da responsabilidade da directora técnica da unidade de cuidados continuados. Mas tudo indica que foi dele”, junta.

O SETUBALENSE contactou a directora técnica, Alda Beatriz, que, no entanto, escusou-se a prestar declarações.

Na reunião de sábado, além do presidente da Assembleia Geral e do provedor, participaram José Teixeira, Luís Castanheira (membros da Assembleia Geral), Maria Helena Oliveira, Luís Alves, João Marcelino, Ilídio Massacote, José Pinheiro, Joaquim Silva, António Severino (da mesa administrativa) e João Paulo Dinis (presidente do Conselho Fiscal).

Ainda nesta mesma reunião foram adiadas as eleições para os órgãos sociais, que deveriam ter ocorrido em Dezembro último, face ao contexto pandémico que se atravessa. “Irei analisar semana a semana o evoluir da situação. Quando houver condições, serão marcadas”, revelou João Afonso, a concluir.

Entretanto, o Ministério Público decidiu abrir um inquérito ao caso da vacinação na Santa Casa da Misericórdia do Montijo, bem como a situações idênticas registadas no Seixal e na Segurança Social de Setúbal, entre outras.

Mais de 60 infectados e quatro óbitos

Entretanto o surto de covid-19 que começou por atingir o lar da instituição, obrigando ao adiamento da vacinação dos profissionais e utentes desta valência, alastrou-se à Unidade de Cuidados Continuados Integrados e já provocou quatro óbitos.

Na primeira valência já testaram positivo à doença cerca de 40 pessoas, entre residentes e profissionais. E nos cuidados continuados, já depois da administração da primeira dose da vacina, foram infectados 17 utentes e cinco profissionais. A informação foi confirmada por O SETUBALENSE junto de três fontes internas da Misericórdia do Montijo, que lamentaram os falecimentos registados.

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