Decorreram este domingo mais umas eleições presidenciais, estas diferentes de todas as outras por decorrerem dentro de um contexto extremamente difícil e sensível em termos de saúde pública. Não só por estarmos a enfrentar uma crise pandémica desde Março do ano passado, mas principalmente por estarmos neste momento no pico da terceira vaga.
Apesar de ser a opinião de muitos dos eleitores, legalmente não foi possível adiar o acto eleitoral. Mesmo com todas as dificuldades, constrangimentos e receios as eleições acabaram por decorrer dentro da normalidade possível.
A campanha e o debate acabaram por ser fortemente condicionados, mas pelas características nacionais e uninominais desta eleição foi possível que a campanha eleitoral decorresse quase exclusivamente na comunicação social, principalmente pela televisão. Ficaram, no entanto, na minha opinião muitos assuntos por debater e muitos contactos por realizar.
No caso de eleições autárquicas, o cenário seria totalmente diferente. Os candidatos às assembleias de freguesia, mesmo nas grandes cidades, ou os candidatos aos municípios de menor dimensão ou do interior do país não têm fácil acesso aos meios de comunicação social, sendo assim mais difícil, senão mesmo impossível, conseguirem passar aos eleitores as suas ideias e os seus projectos. Se em Outubro, quando tivermos novamente eleições autárquicas, os efeitos desta crise sanitária se mantiverem, ou se com o programa de vacinação ainda não se consiga atingir a imunidade de grupo, terão de ser tomadas atempadamente medidas que assegurem que candidatos e eleitores possam esclarecer e ser esclarecidos sobre propostas e programas para que o processo eleitoral possa decorrer num ambiente justo e democrático.
Nestas condições temeu-se que a taxa de abstenção, que já se esperava alta, atingisse valores elevadamente históricos. Mas mesmo assim mais de 4 milhões de eleitores em todo o país, dos quais 345 mil no distrito de Setúbal, deslocaram-se às secções de voto para exercerem o seu direito de voto e escolher o próximo presidente da república portuguesa.
Uma das grandes dificuldades que se enfrentou foi a constituição das assembleias de voto. Por motivos de doença, isolamento profilático ou mesmo por receio de poder ficar infectado, foi extremamente difícil encontrar pessoas disponíveis para participar nas mesas de voto.
Em todas as eleições vários milhares de asseguram que a votação decorre sem problemas. Este ano para além de todo o trabalho que este processo acarreta, estas pessoas tiveram de vencer o medo, demonstrando que a vida e a democracia não podem parar. Deram uma preciosa ajuda a todos os que se deslocaram votar que o poderiam fazer com todas as condições de comodidade e segurança.
A todos os que se deslocaram para votar e a todos os que o tronaram possível o meu sincero agradecimento.
Juntos fortalecemos a democracia, que como bem sabemos não podemos dar por garantida.