Animosidade entre presidentes marca reencontro entre Câmara e Vitória

Animosidade entre presidentes marca reencontro entre Câmara e Vitória

Animosidade entre presidentes marca reencontro entre Câmara e Vitória

Fotografia de Alexandre Jesus

Troca de acusações entre município e direcção vitoriana subiram de tom nos últimos dias.

Numa altura em que o clima de guerrilha entre a direcção do Vitória FC e a Câmara Municipal de Setúbal está o rubro, representantes da autarquia vão estar hoje, a partir das 14 horas, no Estádio do Bonfim. Depois de adquirir os direitos de superfície do recinto a autarquia vai realizar uma “visita técnica das instalações acompanhados por membros do executivo camarário e funcionários para mudar as fechaduras”.

Na sexta-feira o clube celebrou o 110.º aniversário e a presidente do município, Maria das Dores Meira, assumiu a animosidade com o dirigente vitoriano, a quem não poupou críticas no momento em que explicou a ausência de Paulo Rodrigues da festa que decorreu diante dos Paços do Concelho. “Não foi convidado porque ninguém o desejava ter aqui. Não somos obrigados a aceitar os maus tratos, as mentiras e tudo o que diz aos funcionários do Vitória e aos atletas. Da Câmara Municipal, o senhor tem dito tudo o que lhe passa pela cabeça, o que é verdade e o que não é. Para a Câmara, não é de todo uma pessoa respeitável e querida”.

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Na ocasião, Maria das Dores Meira disse ao nosso jornal que a própria tencionava estar presente na tarde de terça-feira no Bonfim. “A visita será da presidente da Câmara, do vereador do desporto (Pedro Pina) e de alguém das oficinas da Câmara para tratar das fechaduras”, afirmou depois de participar nas celebrações do aniversário do clube e de ter especificado a O Setubalense a finalidade da visita.

“Assumimos um património durante 90 anos e vamos ver como está e mudar as chaves da fechadura. A tomada de posição também é simbólica para as pessoas perceberem que hoje o estádio não é do Vitória, é da Câmara e sendo dela é de toda a cidade e também do Vitória. Não vamos dizer à direcção para se pôr na rua. Vamos dizer que está aqui outra chave para trabalharem, foram eleitos pelos sócios e têm de trabalhar até os sócios quererem. São os sócios os donos do Vitória e não esta direcção ou outra qualquer, sendo certo que a direcção pode governar, não nos vamos meter na vida da direcção”.

Direcção acusa autarquia de ingerência

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Na opinião da direcção do Vitória, a Câmara Municipal, através da presidente Maria das Dores Meira, tem-se intrometido nos assuntos do clube. A presença da líder do município e do vereador do Desporto, Pedro Pina, na partida que a equipa principal fez no domingo no reduto do Olhanense é apontada como uma ingerência por parte dos dirigentes vitorianos que foram eleitos nas eleições de 18 de Outubro.

José Neves, vice-presidente e sócio número 7345 do Vitória, considera que “existem interesses políticos, imobiliários e pessoais” a mover a autarquia, que procura derrubar uma direcção [n.d.r.: a 2 de Dezembro decorre uma AG de destituição dos actuais órgãos sociais] que foi “democraticamente eleita” para “poderem mandar o estádio abaixo e construir edifícios”, sugere o empresário imobiliário em carta aberta enviada ao nosso jornal.

E acrescenta: “Nós descobrimos e denunciamos documentos que incriminam muita gente e por esse motivo existe uma cabala contra esta direcção, feita por aqueles que colocaram o Vitória nesta situação. Estamos na direcção há cerca de um mês e o que aqui encontrámos foi inqualificável. Podíamos ter pago mais ordenados mas deixaríamos cair o clube por falta de pagamentos do PER, contas da água e luz com elevadas quantias e avisos de corte, seguros, gás, manutenção entre muitas outras incluindo o pão que não era pago há cinco meses. O Vitória não estava no fundo do poço…estava enterrado no fundo do poço”, afirma.

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José Neves finaliza, deixando uma garantia aos sócios: “Queremos a continuação do Vitória e estamos convictos de que os sócios também não querem perder a nossa história. Acreditem que, apesar de tudo, o Vitória não está destruído, nós temos as soluções. Só estamos à espera da Câmara. Sabemos que vão mandar o estádio a baixo mas não vamos permitir”, diz, lançando um repto aos sócios para a tarde de hoje. “Estejam cá dia 24, às 14:00, para dizer não. A presidente vai para Almada, mas o nosso estádio fica”, conclui.

Continuidade do andebol comprometida

Na sexta-feira, com o objectivo de debater a falta de soluções, a secção de andebol reuniu com a equipa sénior para esclarecer os atletas acerca do incumprimento financeiro, da instabilidade do clube e das notícias preocupantes que têm sido veiculadas. “A equipa manifestou preocupação com a actual situação e deu nota das dificuldades financeiras existentes para fazer face ao orçamento familiar e admitem ser forçados a abandonar o projecto e a procurar alternativas que lhes permitam fazer face ao orçamento familiar”.

E acrescenta: “tendo em conta a falta de soluções, o projecto do Andebol do VFC e a continuidade da secção pode estar comprometida”, temem, deixando uma garantia. “Não é intenção, nem da competência desta secção manifestar-se contra ou a favor de qualquer direcção. Primamos pela salvaguarda dos interesses do clube, da modalidade e da cidade, zelando sempre pelo cumprimento dos compromissos assumidos. Por último, desejamos que todas as dificuldades sejam ultrapassadas e que o Vitória FC possa demonstrar toda a sua grandeza”.

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