Depois de serem eleitos a 18 de Outubro, os órgãos sociais podem ser destituídos.
Os sócios do Vitória FC vão decidir a 2 de Dezembro, em Assembleia Geral Extraordinária, se destituem a direcção presidida por Paulo Rodrigues e os demais órgãos sociais, anunciou em comunicado a mesa da Assembleia Geral (MAG). A reunião magna, que ainda está dependente da confirmação atempada da Direcção-Geral da Saúde (DGS), foi tomada pela MAG depois de um grupo de 113 associados terem entregado um requerimento para destituir a direcção eleita a 18 de Outubro de 2020.
“Durante a próxima segunda-feira, 23 de Novembro, serão feitas as diligências necessárias para marcação da AG Extraordinária. Será efectuada com o ponto único em votação, para o próximo dia 2 de dezembro de 2020, se confirmado atempadamente pela DGS, a realizar no Bingo do Vitória FC, entre as 11:00 e as 21:00”, lê-se no documento assinado por Nuno Soares e Filipe Beja, respectivamente, presidente e vice-presidentes da MAG.
É também explicado que, por Setúbal estar incluído na lista de “concelhos alvo de medidas especiais”, o parecer emitido pela DGS não permite debate antes da votação devido à pandemia. “Recebemos igualmente por parte da DGS um parecer favorável para a realização de uma Assembleia Geral Extraordinária apenas de votação, com o mesmo modelo de segurança que foi utilizado sobre o assunto dos terrenos cedidos pela Câmara Municipal de Setúbal [realizada a 29 de Setembro]”.
O comunicado revela qual será a pergunta a que os sócios vão ter de responder na Assembleia Geral, depois de terem elegido atual direcção a 18 de Outubro. “Face ao momento vivido no Vitória Futebol Clube e em especial no Vitória Futebol Clube SAD, a direção deve ser destituída? Sim ou não. Em caso de vitória da opção ‘sim’, consideramos que tal equivale à revogação do mandato da direção e demais órgãos sociais, por terem sido eleitos em lista única. Em caso de vitória da opção ‘não’, a direcção ficará legitimada com um voto de confiança, e pode continuar a exercer as suas funções e cumprir o mandato da forma que melhor entenda”.
Tensão entre presidentes da Câmara e do Vitória
O 110.º aniversário do Vitória, celebrado na sexta-feira, pôs a nu o afastamento existente entre o executivo camarário, liderado por Maria das Dores Meira, e a direcção do clube presidido por Paulo Rodrigues. No Bonfim, o dirigente vitoriano entregou durante o dia os emblemas de prata, ouro e diamante aos sócios com 25, 50 e 75 anos de filiação clubística numa altura em que na Praça de Bocage o município acolhia às suas portas outra cerimónia, organizada pela Andgerações, pelas claques VIII Exército e Grupo 1910 e pela associação de Voluntários do Vitória.
Questionada por O Setubalense sobre a ausência do presidente Paulo Rodrigues da ocasião, Maria das Dores Meira foi peremptória. “O presidente não foi convidado porque ninguém o desejava ter aqui. A Câmara não o deseja ter aqui. Não somos obrigados a aceitar os maus tratos, as mentiras e tudo aquilo que diz aos funcionários do Vitória, aos atletas e às pessoas que ali circulam. Diz coisas inapropriadas, que não certas de um presidente, logo não é uma pessoa bem-vinda”.
Na cerimónia, que contou com cerca de 200 pessoas em frente aos Paços do Concelho, foram distinguidas as equipas e personalidades que mais se destacaram na vida do clube, entre elas o plantel principal de futebol, cujos capitães (Semedo, Mano, Nuno Pinto e Zequinha) receberam o prémio dedicação em reconhecimento pela forma como têm defendido o clube, apesar dos vários meses de salários em atraso no clube.
Câmara muda fechaduras do Bonfim
Entretanto, soube-se que epois de adquirir os direitos de superfície do Estádio do Bonfim, a Câmara Municipal vai na terça-feira (14 horas) realizar uma “visita técnica das instalações acompanhados por membros do executivo camarário e funcionários para mudar as fechaduras”, lê-se no documento dirigido pela autarquia ao presidente do clube, Paulo Rodrigues.
Depois de participar nas celebrações do 110.º aniversário do clube, a edil Maria das Dores Meira confirmou a informação. “Assumimos um património durante 90 anos e vamos ver como está e mudar as chaves da fechadura”, disse, referindo que a “tomada de posição também é simbólica para as pessoas perceberem que hoje o estádio não é do Vitória, é da Câmara e sendo dela é de toda a cidade e também do Vitória”.
Vitorianos dizem que autarquia detém 40% da SAD
Em comunicado publicado no sábado, a direcção do Vitória, em reacção a declarações da presidente da edilidade, Maria das Dores Meira, lembrou à Câmara Municipal que esta detém 40% do capital social da SAD. No comunicado é frisado que “a actual direcção e restantes órgãos sociais do clube venceram, por vontade democraticamente expressa dos sócios vitorianos, uma eleição justa, regular e de acordo com os pergaminhos históricos do clube”.
“Já se percebeu que a vontade do executivo presidido pela senhora presidente era que outra lista tivesse ganho o ato eleitoral, mas isso são consequências da democracia e a voz do povo vitoriano é soberana no que aos destinos do Vitória diz respeito”, acrescenta a nota em que a direcção sadina exige à Câmara e sua presidente “o respeito institucional ao Vitória, aos seus órgãos sociais, à sua direção e presidente”, lembrando ainda que clube e câmara “são sócios e parceiros na SAD do VFC, onde os 40% de capital social ainda formalmente detidos pela Câmara obrigam, no mínimo, a um apuramento conjunto de responsabilidades entre a Câmara e clube, ao levantamento de informação mínimo necessário, à articulação de estratégias, desenho de soluções e tentativa conjunta de implementação das mesmas naquela sociedade anónima desportiva”.
O comunicado salienta que a Câmara e o Vitória, por serem os acionistas maioritários, têm “um papel fulcral na busca de soluções e apuramento da verdade” e que “ambos têm em conjunto responsabilidades no destino da SAD”, a direcção do clube frisa que “apenas tomou posse faz poucas semanas”, enquanto “o executivo camarário presidido pela Sr.ª presidente está à frente da CMS desde 2006 e, desde esse momento, que por ação ou omissão e ainda que porventura cheia de boa vontade, a Sr.ª presidente Maria das Dores Meira fez parte das decisões que colocaram a SAD do VFC e o clube nesta situação”.
Triunfo (2-3) em Olhão vale liderança
O Vitória foi ontem ao Estádio José Arcanjo, em Olhão, vencer, por 2-3, o Olhanense, em partida da quinta jornada da série H do Campeonato de Portugal. Bruno Ventura (22 minutos), José Semedo (24) e João Serrão (75) foram os marcadores de serviço dos sadinos, que ascenderam ao primeiro lugar da prova com os mesmos 13 pontos do vizinho Amora. Os golos do Olhanense, actual terceiro classificado (com nove pontos) foram apontados por Caleb, aos 35 minutos, de grande penalidade, e, já em tempo de compensação (90+4), por Tiago Dias.