4 Julho 2024, Quinta-feira

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População continua a contestar encerramento da estação dos Correios em Paio Pires

População continua a contestar encerramento da estação dos Correios em Paio Pires

População continua a contestar encerramento da estação dos Correios em Paio Pires

Foto de arquivo

O descontentamento com a privatização é geral. Utentes desesperam em longas esperas

 

Longe vai o tempo em que se metia uma carta no marco do correio, com um selo de dez tostões, e ela chegava ao endereço certo, em qualquer ponto de Portugal continental, no espaço de 24 horas. Hoje, tudo é diferente no mundo postal que no passado 6 de Novembro fez cinco séculos de existência.

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Na Torre da Marinha, Seixal, os utentes queixam-se pelo muito tempo de espera para serem atendido no balcão dos CTT, não por o movimento postal ter aumentado em tempo de pandemia, mas porque, entre outras, a estação de Paio Pires encerrou.

Entre a população ninguém entende a decisão dos CTT que, há dois anos, decidiram encerrar a loja dos Correios em Paio Pires. Houve manifestações e protestos e os autarcas chegaram a reunir com a administração da empresa, mas o balcão fechou mesmo.

Num dia da passada semana, a fila começava ainda antes da estação abrir, e logo pelas 8h30 é comum já serem muitas as pessoas em espera. “Vim mais cedo, porque me disseram que agora havia muita gente, que se perdia muito tempo. Estou aqui a esta hora e já sou a número quinze”, disse-me Maria da Piedade. “Quando é que sairei daqui?”, indagou a si própria.

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Os utentes aguardavam pacientemente pelas nove horas, para então tirarem a ficha e voltarem para a rua esperar pela sua vez, observando as normas do distanciamento social.
“A culpa não é dos funcionários, que até são diligentes e atenciosos. São é poucos para o trabalho que têm”, afirmava José Pereira, um homem de idade, apoiado na bengala.
A política no seu pior

António Santos, presidente da União das Freguesias do Seixal, Arrentela e Paio Pires, diz que “é indecente a entrega de alguns serviços dos CTT a papelarias e outros estabelecimentos particulares”. E continuou: “As filas são intermináveis, com pessoas à chuva, sem qualquer protecção. A população mostra-se muito queixosa, e não se diga que não tenha razão”.

Sobre o fecho da estação de Paio Pires, refere que ele e outros autarcas chegaram à fala com a administração dos CTT e intervieram na comissão da Assembleia da República que se ocupa destas áreas. “Todos discordaram do fecho dos balcões dos CTT e muitos reconheceram que foi um erro a privatização, mas ninguém ainda pôs um travão a tais desmandos, quer dizer, toda a gente está contra, mas ninguém faz nada e a situação prolonga-se. É a política no seu pior”, concluiu.

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António Santos lamentou também a situação dos carteiros, que se “expõem completamente para levarem a cabo as suas funções”.

Reclamações em catadupa

A ANACOM (Autoridade Nacional de Comunicações) divulgou, recentemente, que as “reclamações sobre serviços postais subiram 70% em Julho no livro eletrónico, face a igual mês de 2019, para 2,9 mil”.

A uma estação de rádio, Ilda Matos, porta-voz da ANACOM, explicou que “se tem assistido a um aumento do tráfego de encomendas, e eventualmente isso poderá fazer com que se venham a verificar as circunstâncias que justificaram este aumento de reclamações”. O desagrado dos utentes prende-se com atrasos nas entregas, extravios e enganos na morada.

Bons e relevantes serviços

A 6 de Novembro de 1520, há quinhentos anos, D. Manuel II fundou o Serviço Público de Correios, denominação que passou a Administração Geral dos Correios, Telégrafos e Telefones, com o advento da República. Entretanto, em 1969, toma o nome de Empresa Pública CTT, tendo, como muita gente reconhece, alcançado níveis de excelência, quer pela confiança que nela depositava a população no seu geral, quer pela rapidez das entregas, quer ainda pela universalidade de acesso a todo o território nacional. Além disso, as condições de trabalho e direitos dos seus funcionários não se comparam aos de hoje. Outro facto a registar: até à sua privatização entregava uma receita regular ao Orçamento de Estado. A privatização consumou-se em 2014, com a venda de 100% do capital dos CTT.

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