16 Agosto 2024, Sexta-feira

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O show off em Tróia

O show off em Tróia

O show off em Tróia

29 Outubro 2020, Quinta-feira
Francisco Alves Rito

A entrega de um barco por parte da Tróia-Natura ao ICNF insere-se na política de aparência que a empresa-capa da Tróia Resort desenvolve para ir dando a ideia de que faz muito pela Natureza.

O barco, cujo valor não foi revelado (não ultrapassará os 15 mil euros), é a última acção relevante conhecida, em muitos anos, por parte da empresa. E repare-se que o barco foi entregue ao ICNF, para ser esta entidade pública a operá-lo, não vá o encargo com a manutenção de uma equipa ficar como despesa permanente para a empresa.

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A Tróia-Natura, do universo da Sonae Capital, que detém a Tróia Resort e a Atlantic Ferries, foi criada para promover a protecção ambiental em Tróia e, para esse efeito, recebe 10 cêntimos por cada bilhete dos barcos. O ano passado, para justificar o “roubo” do preço dos bilhetes para Tróia, a Atlantic Ferries dizia que, com essa comparticipação nas tarifas, tinha sido “já entregue [à Troia-Natura] mais de um milhão de euros de contrapartidas ambientais”. Alguém sabe em que foi usado esse dinheiro? Um barco, como o de ontem, e mesmo a iniciativa “Proteger os Golfinhos”, que a Tróia-Natura desenvolve no Verão (um barco a sensibilizar navegadores de recreio e turistas), não custam “mais de um milhão”.

Quanto recebe a Tróia-Natura de contrapartidas? Onde aplica essas verbas? Quantos funcionários tem? A empresa não presta essas contas publicamente (nem site tem) e as entidades públicas também não fiscalizam.

Acresce que, alguma coisa que a Tróia-Natura possa fazer, de estruturação do Turismo da Natureza, por exemplo, nada aproveita aos setubalenses e grandolenses. O usufruto está destinado exclusivamente aos milionários das casas que a Tróia Resort vende, e aos turistas. Alguém conhece uma promoção feita em Setúbal para que os locais vão a Tróia usufruir da natureza? As escolas, por exemplo, vão lá a convite da Tróia-Natura?

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Antes pelo contrário. A estratégia é a de afastar os locais. Daí a exorbitância do preço dos bilhetes e o ter deixado, no ano passado, de haver desconto para crianças e idosos.
E assim, com estes números para a foto e algumas migalhas dadas aos municípios de Setúbal e Grândola, que mascaram uma estratégia de aproveitamento particular de algo que é um bem público, a Tróia Resort vai gerindo Tróia a seu belo prazer e gerando milhões.

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