As ofertas de serviços públicos têm sido concebidas, algumas vezes, sem ter em consideração as mudanças demográficas. Isto significa que tem de haver uma maior flexibilidade na programação e na orçamentação das intervenções mais afetadas pelas variáveis demográficas.
O envelhecimento da estrutura etária da população está a criar pressões imediatas sobre as necessidades de diferentes serviços (nomeadamente na saúde e no apoio social), o que significa que está a registar-se um aumento de uma procura diferenciada de prestação de serviços (diminuição de outros, na educação nomeadamente), sendo necessário realocar recursos em determinados setores (diminuindo outros).
É por isso urgente reavaliar as necessidades futuras, por Município e Freguesia, em matéria de infraestruturas e de competências dirigidas ao envelhecimento.
A atual tendência para a descentralização e desconcentração de competências pode constituir uma oportunidade para remodelar a oferta de alguns serviços públicos e criar emprego qualificado.
A promoção de uma vida digna, autónoma e saudável passa sobretudo por estratégias locais, concelhias,regionais, assentes num conjunto de intervenções, nomeadamente:
– adaptação dos espaços habitacionais às limitações dos idosos;
– promoção de uma oferta de serviços básicos de proximidade, nomeadamente em matéria de saúde primária, mas também de comércio e outros serviços;
– conceção de espaços públicos mais amigáveis e acolhedores para os idosos tendo em vista o incremento da sociabilidade;
– melhoria da mobilidade dos idosos, adaptando as redes de transporte existentes ou promovendo novas ofertas de mobilidade público-privadas;
– dinamização da atividade física, como forma de estimular uma vida mais longa com qualidade.
Uma cultura de prevenção deve ser refletida em termos de cuidados de saúde e de ambiente físico e social das populações. As ações preventivas devem ser postas em prática muito antes do aparecimento das manifestações de perda de autonomia.
Uma vida digna, autónoma e saudável nas idades mais avançadas passa por políticas locais mais adaptadas às características das populações residentes e por ações em prol de uma vida longa e ativa.
Os idosos podem ser mais independentes, mais ativos e mais participativos.
Aumentar o envolvimento das pessoas mais velhas no mercado de trabalho e em atividades sociais pode ter impactos muito positivos nas economias locais.
O emprego a tempo parcial e o autoemprego para as pessoas idosas, pode aumentar a sua participação no mercado de trabalho, reforçar o empreendedorismo e aumentar os seus rendimentos.
Apoiar e melhorar o acesso dos idosos empreendedores aos instrumentos de financiamento, dinamiza a economia e valoriza as competências dos mais velhos.
Aumentar a participação social das pessoas idosas pode contribuir para melhorar a sua qualidade de vida e minimizar os riscos de isolamento social.
Um aumento do número de famílias unipessoais de idosos evidencia a relevância do isolamento.
Por isso, Câmara e Uniões de Freguesias e Freguesias devem por-se de acordo para:
Apoiar as pessoas idosas que desejam viver nas suas habitações de forma independente (adaptação das habitações ou partilha do alojamento);
Garantir aos idosos o acesso a serviços de apoio e ao comércio e serviços de proximidade, promovendo a qualidade de vida e contrariando o isolamento e a fraca mobilidade;
Promover ambientes urbanos amigos de todas as gerações, nomeadamente através de espaços públicos mais acolhedores e acessíveis;
Facilitar a mobilidade adaptando as redes de transportes, enquanto condição para a autonomia dos idosos;
Promover a atividade física e desportiva e uma alimentação favorável a uma vida mais extensa e com maior qualidade;
Olhar para o envelhecimento enquanto uma oportunidade de crescimento económico, criação de novos serviços e emprego e capacidade de poupança e consumo;
Estimular a participação social dos mais idosos, através do voluntariado dos idosos e da promoção de atividades intergeracionais;
Criação de redes de apoio domiciliário (serviços de saúde e sociais) aos idosos.