Entre 21 e 29 de Agosto, “a festa faz-se” em vários locais e em vários formatos
O Festival Internacional de Teatro de Setúbal está de volta a Setúbal, com espectáculos teatrais, apontamentos musicais, curtas-metragens, conversas de teatro e uma exposição. A Casa da Baía foi o palco para a sua primeira apresentação.
“Ao fim de 22 edições, guardamos memórias diversas, peripécias artísticas, constrangimentos económicos, decisões e mudanças políticas. A memória de 2020 manter-se-à e queremos acreditar que a Festa do Teatro se realizará com o mesmo espírito de família no qual crescemos”, começou por dizer José Maria Dias, director artístico do Teatro Estúdio Fontenova e do Festival Internacional de Teatro de Setúbal.
“No momento em que o maior desafio é repensar a forma de criar e de fazer cultura, o TEF apresenta mais uma edição do FITS como prova de resiliência e persistência na permanente construção de uma cidade com mais teatro e mais cultura”, referiu Maria das Dores Meira, presidente da autarquia setubalense, na tarde de quinta-feira.
Para a autarca, a Festa do Teatro tem sido ao longo da sua existência “qualificado palco de consistente formação de públicos, de promoção e divulgação de novos valores e facilitação do acesso à cultura a todos”. Igualmente importante tem sido o envolvimento da comunidade local no festival, “que se reinventou” e vai constituir um marco nestes tempos estranhos que vivemos”.
Com a sua programação, o FITS, financiado pela Direcção Geral das Artes e pelo Município de Setúbal, ajuda assim a que a cultura na cidade continue em movimento, mesmo com as regras impostas pela prevenção da pandemia. “Orgulhamo-nos de ser umas das poucas cidades que tem dado cartas na área da cultura, no que respeita à continuidade de uma programação regular. Aqui estamos a prová-lo, com mais esta grande Festa do Teatro”, rematou Maria das Dores Meira.
Programação variada do teatro à música
“Dentro deste espírito de família e comunidade no qual estamos inseridos, e com o espírito crítico que tem acompanhado o TEF desde a sua fundação”, a abertura do festival, a 21, faz-se com o grupo Fado Bicha, que Patrícia Paixão destacou na apresentação, a par das conversas de teatro “Reféns do futuro?” e de “Damas da noite”, farsa de Elmano Sancho, que encerra o festival.
As companhias Teatro do Noroeste, Teatro Extremo e Mascarenha-Martins são estreias no festival. A presença de Hotel Europa faz-se, afinal, com “Amores na clandestinidade” em vez de “Agora que não podemos estar juntos” como previsto. Do programa deste ano fazem também parte a exposição “Vozes que pulsam”, de Paula Moita com utentes da Associação Ilharco, a instalação “Passo a Passo”, de Paula e Gonçalo Freire, ambos na Escola Secundária Sebastião da Gama, parceira do festival, e mantém-se o foco na sustentabilidade iniciado o ano passado.
Para além da bilheteira do Fórum Municipal Luísa Todi, presencial e online, para os espectáculos que lá acontecem, a bilheteira para os restantes espectáculos do FITS será no Pátio da Escola Secundária Sebastião da Gama e estará aberta entre as 18h00 e as 21h00 de 17 a 29 de Agosto. Todos os espectáculos estão sujeitos a bilhete, mesmo os de entrada livre.
De 21 a 29 de Agosto, entre o Jardim Multissensorial das Energias, o Fórum Municipal Luísa Todi, a Casa da Cultura, o Jardim do Bonfim, a Escola Secundária Sebastião da Gama, A Gráfica e a Casa da Baía, “a festa faz-se”.
Equipa “olhou para dentro e à sua volta”
Num ano em que existiu “a hipótese de o festival não se realizar”, o desejo de “voltar a pisar palco, tocar e abraçar” fez com que a equipa olhasse “para dentro e à sua volta”.
“O FITS é também feito por quem nos tem acompanhado e por isso este ano em particular incluímos na programação e na equipa trabalhadores das artes da nossa comunidade para os quais possamos contribuir um pouco mais para a sua sustentabilidade”, explicou José Maria Dias, questionando: “O que pode fazer uma companhia de teatro em Setúbal?”, respondendo logo de seguida: “Pode tanto quanto couber no nosso coração”.
Et Toi Michel, Noitibó, Renato Sousa e Ricardo Guerreiro Campos são exemplos de artistas setubalenses a participar nesta 22ª edição. Neste sentido, foram ainda feitos 22 vídeos com o comércio local, “uma rota representativa do festival” com sugestões de locais a visitar.
A Secção Oficial tem este ano menos companhias, maioritariamente nacionais, de norte a sul, e uma Secção-Off mais reduzida face à conjuntura actual. Nas palavras de Patrícia Paixão, responsável pela produção executiva do FITS, “nunca tanto como agora valorizámos o diálogo e a escuta. Procurámos saber como estávamos, do que precisávamos, o que podíamos fazer por quem está mais próximo”.