Autarcas e utentes esperam para ver. Figueira Mendes vê anuncio das obras “com reservas” e Vítor Proença avisa que reparação “não pode ficar pelos remendos”
O presidente da Câmara Municipal de Alcácer, Vítor Proença (CDU) diz que o anúncio da reparação urgente do Itinerário Complementar 1 (IC1) é “resultado da luta dos autarcas, comissões de utentes e populações” e avisa que a reparação “não pode ficar pelos remendos”.
“Os autarcas têm-se empenhado nos últimos anos na luta pela reabilitação do IC1, com as comissões de utentes e as populações, e este anúncio, que é resultado dessa pressão, vem dar razão ao que temos dito, que se trata de uma obra muito urgente”, disse Vítor Proença ontem ao DIÁRIO DA REGIÃO.
“Mas o mais importante é que a intervenção agora anunciada não se fique pelos remendos, porque o que o IC1 exige é uma obra de fundo”, conclui o autarca comunista.
A Infraestruturas de Portugal (IP), anunciou que as obras de reabilitação do Itinerário Complementar 1 (IC1), entre Alcácer do sal e Grândola, vão começar já em Abril, com uma intervenção de urgência seguida de uma empreitada mais profunda, com um custo de seis milhões de euros, cujo concurso público será lançado também no próximo mês.
Os autarcas e a comissão de utentes ainda não acreditam que os trabalhos decorram efectivamente no calendário referido pela empresa.
“Não estou a por em causa de que possa ser assim, mas já estive em reuniões com o senhor secretário de Estado em que me foi dito que haveria obras dentro de dois meses e depois não houve nada”, disse António Figueira Mendes (CDU) ao DIÁRIO DA REGIÃO.
“Ficaremos muito felizes se as obras arrancarem, mas vamos esperar para ver e até lá continuamos com as reservas que tínhamos”, conclui o autarca.
No mesmo sentido, a Comissão de Utentes do IC1 também quer “ver para crer”. O presidente desta comissão, Manuel Rocha, diz “estranhar como é que só agora, após seis anos de negociações, chegam à conclusão de que pode ser dispensado o visto do Tribunal de Contas”.
O impasse na requalificação do troço do IC1 entre Alcácer do Sal e Grândola foi desbloqueado com a dispensa do Tribunal de Contas do visto prévio ao contrato renegociado da subconcessão do Baixo Alentejo, adiantou a IP no mesmo documento.
“Esta decisão possibilita a entrada em vigor, no início de Abril, do novo contrato de subconcessão, cujo objecto foi reduzido, através da suspensão de trabalhos de construção e requalificação de algumas vias e a retirada de lanços de estrada, como é o caso da reversão para a jurisdição directa da IP do troço do IC1 entre Alcácer do Sal (quilómetro 3,4) e Grândola Norte (quilómetro 19,1)”, informou a IP.
Enquanto trata dos procedimentos para avançar com a empreitada de requalificação e tendo em conta o “actual estado de conservação deficitários do lanço do IC1” em causa, a IP vai avançar com “uma intervenção com carácter de urgência”, para “eliminar ou mitigar boa parte dos actuais problemas da via”.
“O efectivo regresso da jurisdição desta via irá permitir à IP proceder aos trabalhos de beneficiação de que esta estrada necessita, assegurando a reposição com a maior brevidade possível das condições de circulação em segurança para os milhares de automobilistas que diariamente utilizam o IC1”, anunciou.
A intervenção, “a concretizar já a partir de Abril”, vai consistir numa “obra de reabilitação funcional da estrada”, com a “correcção pontual do pavimento”, “o nivelamento e regularização da plataforma rodoviária e das bermas”.
As comissões de utentes e autarquias de Alcácer do Sal e de Grândola têm vindo a lutar nos últimos anos pela requalificação urgente da via, a que chegaram a apelidar de “estrada da morte”, com vários protestos, marchas lentas e encontros com grupos parlamentares e governantes.
O ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, prometeu em Setembro de 2016 lançar o concurso para a requalificação do troço do IC1 entre as duas sedes de concelho, no distrito de Setúbal, assim que fosse concluída a negociação com a concessionária.