Luís Leitão afirma que precariedade no distrito é elevada e que a crise da Covid-19 é esclarecedora da situação. Em Setúbal, só entre Março e Abril o Instituto de Emprego e Formação Profissional recebeu 422 novos “desempregados registados”, provenientes de vínculos precários.
O coordenador da União de Sindicatos de Setúbal CGTP-IN, Luís Leitão, afirma que entre Março e Abril, 422 trabalhadores ficaram em situação de “desemprego registado no distrito”, devido à crise económica gerada pela Covid-19. Mas, a realidade do desemprego no distrito será superior a 9 mil desempregados, nos últimos meses, “contabilizando o desemprego não registado”. Consequência de contratos cada vez mais precários, “que só no distrito afectam cerca de 30 mil pessoas”, estima Luís Leitão.
Números e causas que vão estar em debate no congresso distrital da CGTP-IN agendado para 7 de Outubro, no Fórum Municipal Luísa Todi.
Estes novos desempregados são “os falsos trabalhadores independentes a recibos verdes, com contratos a termo e por baixos períodos, sempre renovados”. Trabalhadores de empresas da região, “algumas das quais bem estabelecidas e com condições para estabelecer contratos efectivos, ou de longo prazo, mas que continuam a manter contratos a termo, de seis meses, com renovações constantes”, aponta Luís Leitão.
Para o dirigente sindical as mesmas empresas fixadas na região, “de cariz multinacional e com estabilidade financeira, foram as primeiras a recorrer a regimes de lay-off, sem que deles necessitassem”. Como exemplo, aponta empresas que tiveram um lucro de dezenas de milhões de euros em 2019, “com capital para se manter durante dois a três meses de crise e manter os seus postos de trabalho antes de tomar outras medidas”, refere.
Covid-19 deixou clara a precariedade e impacto dos baixos salários
Nos moldes actuais o regime de ‘lay-off’ também não garante aos trabalhadores a segurança de que necessitam. “Estamos a falar de subsídios que não permitem aos trabalhadores com salários médios manter o mesmo valor de salário que tinham antes, diminuindo o seu poder económico”.
Para além dos alegados “abusos com base no ‘lay off’”, Luís Leitão defende que a crise estará a “ser usada como desculpa para realizar despedimentos”, sem que de facto as empresas necessitem de os fazer.
Essas serão algumas das reivindicações da CGTP nas acções de Junho e Julho e no congresso distrital de Outubro. “Exigir subsídios que permitam aos trabalhadores com salários médios manter valores”. E continuar a reivindicar “aumentos salariais e o suplemento de insalubridade, penosidade e risco para trabalhadores de sectores como os da recolha de resíduos, transportes públicos e saúde, que durante a pandemia estiveram sempre na linha da frente”. Reivindicações em debate sob chapéu do grande tema: “valorizar os trabalhadores e o trabalho”.