A UGT Setúbal vai assinalar o 1.º de Maio sem festa de rua e a União dos Sindicatos de Setúbal com uma acção na Luísa Todi. A lay-off vai ser um tema comum às duas centrais
O Dia do Trabalhador este ano, no distrito de Setúbal, e em Portugal, vai viver-se, pela primeira vez, sem manifestações e sem marchas de braço dado. A CGTP-IN já anunciou que o 1.º de Maio vai ser assinalado apenas com acções de rua, e a UGT nem isso. A central comunista diz que, embora venha para a rua, haverá distância social entre os que vierem, enquanto a central afecta ao PS e PSD vai colocar online, no seu site, mensagens dos secretários-gerais dos sindicatos e uniões, assim como do secretário-geral, Carlos Silva.
Com a pandemia Covid-19 a ditar ‘leis’, a regra para o 1.º de Maio 2020 é todos em casa e muito poucos na rua. Esta será uma das diferenças de acção entre ambas as centrais sindicais que no discurso deverão alinhar nas suspeitas sobre a aplicação da lay-off por parte de algumas empresas e nas preocupações sobre a economia para lá desta crise sanitária. Depois, como é esperado, haverá outras diferenças de mensagem.
Pela CGTP, o distrito vai estar dividido ente Lisboa, Setúbal e os concelhos do Alentejo. Ou seja, de Almada, Seixal, Barreiro, Montijo, Moita, Alcochete e Sesimbra, o encontro é na acção em Lisboa. Em Setúbal, na Praça Luísa Todi, junto ao coreto, junta-se quem é de Setúbal e Palmela e, nos concelhos do Alentejo, as acções decorrem nos paços do concelho de cada um dos municípios.
Em Setúbal, as intervenções vão incidir sobre a defesa da saúde, os direitos dos trabalhadores, a garantia de emprego, reivindicação de salários justos e mais serviços públicos. Não deixará ainda de ser focada a distribuição de riqueza pelo trabalho.
Sobre a lay-off, adianta Luís Leitão, coordenador da União dos Sindicatos de Setúbal da CGTP-IN, que será afirmado na acção de Setúbal, que “não se admite que empresas com milhões de euros de lucros beneficiem dos dinheiros da Segurança Social, dinheiro que é de todos nós, e depois distribuírem dividendos pelos accionistas”.
Manuel Fernandes, presidente da UGT Setúbal é um dos sindicalistas que vai estar online no 1.º de Maio. É que a Direcção-Geral da Saúde indicou não existirem ajuntamentos na rua e a UGT “irá respeitar, porque a saúde pública é um dos vértices do estado de direito”, lembra o sindicalista.
A sua mensagem vai incidir na necessidade de salvar postos de trabalho, como caminho para a retoma económica, e expor uma das preocupações que ganhou maior visibilidade nestes meses de vigência da pandemia. “A minha mensagem vai focar o trabalho não declarado e a economia paralela. A UGT Setúbal sabia que esta situação existia, mas não com a grande expressão que tem”, afirma.
Em entrevista a O SETUBALENSE, os sindicalistas Luís Leitão e Manuel Fernandes avançaram grandes questões que preocupam o mundo do trabalho no distrito e no concelho de Setúbal. Falaram da responsabilidade social das grandes empresas, suspeitas de ilegalidades, números de desemprego e de trabalhadores em lay-off, e ainda de medidas que o Governo tem de tomar para que a economia regional e nacional não volte a bater no fundo.