29 Junho 2024, Sábado

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PENSAR SETÚBAL: O Covid-19 e a China (Parte III)

PENSAR SETÚBAL: O Covid-19 e a China (Parte III)

PENSAR SETÚBAL: O Covid-19 e a China (Parte III)

, Professor
20 Abril 2020, Segunda-feira
Giovanni Licciardello - Professor

Nas duas crónicas anteriores, incidi a minha análise em aspectos de natureza política e económica. Vamos hoje analisar a vertente científica e de saúde pública.

Apesar dos recorrentes indícios que algo de profundamente errado estava a acontecer, foi somente no final de 2019 que as autoridades de saúde na China admitiram que havia um problema.

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Mas estava tudo controlado, segundo as declarações oficiais.

Segundo a revista QI News, a realidade era bem diferente. Um número crescente de pessoas estava a apresentar sintomas semelhantes, tais como tosse seca e febre antes de contrair pneumonia. E várias destas pessoas começaram a morrer.

Os médicos chamaram a esta doença Covid-19, CORONAVÍRUS DISEASE 19, indicando que era um vírus que estava a provocar esta doença.

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O mercado em Wuham foi dos primeiros locais onde tudo decorreu. Dos primeiros 41 doentes infectados com o vírus, 27 tinham estado neste mercado.

Então o que é que estes mercados têm a ver com o surto de Coronavírus e porque é que isto acontece na China?

Muitos dos vírus que nos causam doenças têm origem em animais.

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Os vírus são especialistas em passarem de umas espécies para outras. Mas é relativamente raro que uma cadeia de transmissão atravesse três espécies em simultâneo e que uma das três espécies seja o ser humano. É raro porque todos estes hospedeiros teriam de estar no mesmo local, num intervalo de tempo relativamente curto.

Nos mercados chineses, os animais são mortos e vendidos ao cliente na hora. As caixas estão empilhadas umas em cima das outras, por entre gaiolas ferrugentas, chão ensanguentado, enxames de insectos e cheiro pestilento.

Os animais que estão em baixo são ensopados com os fluidos que escorrem dos animais que estão em cima – sangue, fezes, urina, pus – seja o que for.

E é assim que o vírus salta de um animal para outro. Se esse animal entra em contacto ou é consumido por um ser humano, o vírus pode então, potencialmente, infectar um ser humano. E se esse vírus passa para outro ser humano, está iniciado um surto viral.

Os mercados da China são particularmente famosos, devido à grande variedade de espécies oferecida, incluindo animais selvagens, existindo animais provenientes de todo o mundo. Cada um pode transportar o vírus característico da sua espécie para o mercado.

A razão pelo qual estes animais estão nos mercados chineses é devido a uma decisão tomada pelo governo há várias décadas.

Nos anos 70 a China estava a colapsar, a fome tinha morto cerca de 45 milhões de pessoas e o regime comunista que controlava a produção de alimentos, estava a perder a capacidade de alimentar a população de mais de 900 milhões de habitantes.

Em 1978, à beira do colapso, o regime abdicou desse controlo e legalizou a privatização da agricultura. Enquanto as grandes empresas começaram a dominar a produção agrícola de espécies de consumo popular, como o frango e o porco, alguns agricultores de pequena dimensão começaram a capturar e a fazer criação de espécies de animais selvagens como forma de sustento.

Continuamos para a semana.

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