N18o âmbito da 25.ª edição do Parlamento dos Jovens, tive a oportunidade de debater com alguns jovens alunos, com quem troquei impressões muito válidas, as temáticas da violência doméstica e no namoro, temas que, infelizmente, ainda estão na ordem do dia.
Mas afinal o que é violência doméstica e no namoro? Alguns dos jovens pareceram surpreendidos quando se falou das diversas formas de violência para lá da violência física, que continua a ser a mais flagrante. Haverá, parece-me, necessidade de abordar mais profundamente estes tópicos para que todos e todas entendam que a violência pode assumir várias formas que, embora mais difíceis de detectar, serão tão ou mais danosas do que a violência física: falo da violência emocional e psicológica, a económica, a sexual e a social.
Outro ponto importante de esclarecer é que a violência doméstica não envolve apenas pessoas num relacionamento romântico, mas todas aquelas que têm laços familiares e/ou partilham habitação. E isto é assustador! No local onde nos deveríamos sentir mais protegidos e tranquilos, 35 pessoas perderam a vida no ano passado (26 mulheres, duas crianças e sete homens), segundo dados oficiais. E entre 2004 e 2019 foram assassinadas 532 mulheres neste mesmo contexto.
Muitos dos jovens com quem tive contacto mostraram-se alerta para esta problemática e apresentaram várias medidas não só de prevenção mas ainda de denúncia e acompanhamento das situações. Destacou-se a necessidade de sensibilização precoce, seja ao inserir a temática em disciplinas escolares já existentes ou com a criação de gabinetes nas escolas direccionados para este tema, por exemplo. Acredito que é aqui que reside grande parte da solução: na educação em respeito pelo outro e na promoção de valores como empatia e compaixão por quem nos rodeia, independentemente do género e do tipo de relação existente.
Importa ainda lembrar, contudo, que esta educação e transmissão de valores faz-se, ou deveria fazer-se, sobretudo em casa, no seio familiar. E neste sentido, é fundamental a promoção da proximidade e do diálogo entre membros familiares. É fundamental, acima de tudo, termos tempo para a nossa família.
A violência doméstica e no namoro não é linear, assenta em séculos de violência de género, de discriminação, de luta pelo poder dentro das relações, e a sua erradicação não será pacífica nem rápida. Mas se alguns destes jovens são exemplo das gerações vindouras, estamos sem dúvida no caminho certo.