26 Junho 2024, Quarta-feira

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O Moscatel quer-se fresco: sucesso começou em Azeitão há mais de 60 anos

O Moscatel quer-se fresco: sucesso começou em Azeitão há mais de 60 anos

O Moscatel quer-se fresco: sucesso começou em Azeitão há mais de 60 anos

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Há 60 anos, aquela que haveria de ser a bebida mais famosa da Península de Setúbal não se produzia como hoje e estava reservada para ocasiões especiais

 

O Moscatel é normalmente servido fresco e como aperitivo. Há quem opte por tomar a bebida em outras ocasiões e até por lhe acrescentar uma pequena casca de limão. De que o Moscatel está cada vez mais na moda não parecem existir grandes dúvidas. Mas sabe onde, como e pelas mãos de quem surgiu esta prática de se beber Moscatel fresco?

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Fernando Sacramento nasceu a 14 de Julho de 1940, no sítio onde é hoje a Casa das Tortas de Azeitão “porque naquele tempo ainda se nascia em casa”. É de Azeitão, onde passou toda a sua vida, e, segundo o próprio, está ligado, na origem, a esta nova prática de beber-se o Moscatel fresco. E foi mesmo ao lado do Café São Lourenço, em Vila Nogueira de Azeitão, onde também se podem provar os famosos queijos, esses e Tortas de Azeitão, que há 62 anos tudo começou.

“O meu pai comprou o terreno e fez um café e um restaurante, que hoje já não existe”, começa por dizer Fernando Sacramento a O SETUBALENSE. “O restaurante chegou a ter uma projecção grande, assim como o café. Aqui vinham pessoas de várias partes e no Verão, com as idas às praias, sem auto-estrada na altura, a fila de carros chegava a parar aqui e as pessoas acabavam por vir beber café ou fazer a sua refeição”, recorda.

Sempre presente esteve também “a mania de inventar e fazer cocktails”. Quando tinha 18 anos, Fernando Sacramento trabalhava no negócio da família durante as férias de Verão. Nessa altura o Moscatel não era uma bebida conhecida por todos como hoje. “Só quem o fazia era José Maria da Fonseca, o mais antigo produtor de Moscatel de Setúbal. Bebia-se mais Martini, vinho branco e outras bebidas”, diz. “E uma coisa que me aborrecia era servir sempre Martini com casquinha de limão. Vendia-se muito bem, toda a gente queria aquilo”, desabafa, adiantando que perante tal constatação depressa se pôs a pensar: “Se se vende Martini tão bem assim, porque é que não se há-de vender Moscatel?”.

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Entre momentos de reflexão e de experiências realizadas, começou a dar a provar aos amigos e “todos diziam que era muito bom”. Ao verificar o sucesso da sua aposta entre amigos, Fernando apresentou a sua ideia de beber Moscatel fresco a António Soares Franco, da José Maria Fonseca. “Ainda hoje, o pouco que percebo sobre vinhos foi-me ensinado por ele, pessoa que muito admirava”, revela. “Quando lhe mostrei, também me disse que era bom, que era uma boa ideia. O meu pai era representante do José Maria da Fonseca, vendia os vinhos deles aqui em Azeitão e com a devida autorização começámos a vender Moscatel fresco”, acrescenta.

Moda pegou até aos dias de hoje

A aprovação daquele que naquela altura era considerado “um dos melhores narizes do mundo” veio dar a Fernando a força de que precisava para apresentar ao público o seu Moscatel fresco com casca de limão. “Começou a ser um verdadeiro sucesso e deixei praticamente de vender Martini para vender só Moscatel”, refere.

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Com amor por criar dentro do universo das bebidas, Fernando Sacramento criou ainda o Moscardo e o Moscardoff. “Ao mesmo tempo resolvi fazer dois cocktails. A minha perdição eram sempre os cocktails. E sei, por exemplo, que o Moscardoff ainda constou durante uma série de anos no livro de cocktails da Smirnoff, que na altura também era feita em Azeitão, no José Maria da Fonseca”, conta, frisando que de repente passou a ter várias garrafas de Moscatel frescas sempre prontas a servir.

“Naqueles tempos, o Moscatel não se vendia, oferecia-se apenas em ocasiões especiais e hoje é este sucesso que se vê. Há Moscatel feito em vários sítios e hoje vai-se a qualquer sítio e bebe-se um Moscatel como aperitivo. E bebe-se fresco”, continua, partilhando a sua satisfação por ter sido “o homem que teve a ideia de começar a servir o Moscatel fresco” e por contar a sua história. “A maior parte das pessoas bebe Moscatel fresco, tem esse costume e não faz ideia de onde é que ele surgiu. Não conhece a sua história”, remata.

Agora já sabemos.

Soares Franco Um dos melhores narizes do mundo aprovou a ideia

Ao verificar o sucesso da sua aposta entre amigos, Fernando Sacramento apresentou a ideia de beber Moscatel fresco a António Soares Franco, da José Maria Fonseca. A aprovação daquele que naquela altura era considerado “um dos melhores narizes do mundo” veio dar a Fernando a força de que precisava para apresentar o produto ao público

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