I Liga e II Liga de futebol suspensas por tempo indeterminado devido à pandemia de Covid-19

I Liga e II Liga de futebol suspensas por tempo indeterminado devido à pandemia de Covid-19

I Liga e II Liga de futebol suspensas por tempo indeterminado devido à pandemia de Covid-19

|Chumbita Nunes

Treinador dos sadinos defendeu cancelamento dos jogos e dos treinos horas antes da decisão oficial ser conhecida: “não faz sentido nenhum jogar. É uma questão de senso comum”, disse em conferência de imprensa

 

Cerca de duas horas depois de Julio Velázquez, treinador do Vitória FC, ter em conferência da imprensa realizada no Estádio do Bonfim apelado ao cancelamento de todos os jogos de futebol no país, a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), anunciou ontem de tarde a suspensão dos jogos da I e II Liga, por tempo indeterminado, devido à pandemia de Covid-19.

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A suspensão foi decidida pelo organismo que rege o futebol profissional em Portugal, depois de já ter sido determinada a proibição de público nos jogos da 25.ª jornada dos dois principais escalões. A ronda 25 estava marcada para o próximo fim-de-semana, com o Vitória a visitar o Marítimo, no sábado, e, na II Liga, o Cova da Piedade a jogar segunda-feira no terreno do Farense.

Em comunicado, a LPFP revela o procedimento que vai adoptar nos próximos dais para avaliar a situação. “Realização de reuniões da Comissão Permanente de Calendário, de 3 em 3 dias, para que seja efectuado ponto de situação da evolução da pandemia e das concretas medidas a adoptar; da reunião resultou ainda a recomendação para a suspensão imediata dos treinos e a recomendação para que todos os agentes desportivos do futebol profissional adoptem condutas de contenção social, para que, rapidamente, se possa retomar a actividade desportiva normal”.

Esta decisão do futebol profissional, em conformidade com a recomendação do Conselho Nacional de Saúde Pública, para que sejam reforçadas as medidas de contenção bem como os meios para a sua implementação, visa ser um exemplo para a Sociedade em geral e para a consciencialização de todos os cidadãos e adeptos”, conclui o comunicado oficial número 193.

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Ainda antes de ser conhecida a decisão da Liga, já o treinador do Vitória, Julio Velázquez, após ministrar a sessão de trabalho, tinha manifestado a sua preocupação sobre a pandemia, não hesitando em apelar ao cancelamento de todos os jogos o que acabou por se verificar. “Ainda tenho a esperança de que não se jogue. Falamos de uma situação muito grave a nível mundial e já foi decretada uma pandemia. Por uma questão de responsabilidade social é importante adiar os jogos”.

E acrescentou: “Neste momento, não faz sentido nenhum jogar. É uma questão de senso comum. Em Itália aconteceu o que se sabe e antes na China. Não se trata de jogar à porta aberta ou fechada. É certo que a porta fechada ajudaria a evitar a interação dos adeptos e a não aumentar os contágios, mas não é suficiente”, refere, lembrando que um jogo não envolve apenas atletas. “Não são jogadores que estão causa, mas sim pessoas. Os jogadores, treinadores, staff, os jornalistas e apanha-bolas não são imunes”.

O timoneiro dos sadinos lembrou ainda que os profissionais do clube estariam ainda mais expostos por a partida com Marítimo implicar uma deslocação aérea para a Madeira e consequentes passagens por aeroportos. “No nosso caso, temos de ira um aeroporto apanhar um avião e isso não faz sentido nenhum. Temos de apanhar autocarro, ficar num aeroporto, depois o avião, mais outro aeroporto”.

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Julio Velázquez admitiu que havia um sentimento de medo no balneário. “Sim, têm muito medo. Não são jogadores, são pessoas: os atletas, o staff, os roupeiros, treinadores. Uma coisa é virmos ao estádio, jogamos e vamos para casa. Outra, completamente diferente, é uma deslocação em que temos de estar em aeroportos e apanhar aviões”, reiterou, defendendo que treinar também implica um risco desnecessário. “O melhor é chegar-se a um acordo comum sobre o tempo de paragem. Não jogando nem fazer treinos faz sentido. Os jogadores treinam e continuam a ter contacto. Devemos ser muito estritos e rigorosos”.

O técnico espanhol diz que “as pessoas estão acima de qualquer interesse económico” e, também por esse motivo, afirma que não faz sentido realizar jogos de futebol sem público nas bancadas. “É como se se fizesse uma peça de teatro e não houvesse pessoas nas cadeiras, é como projectar um filme e o cinema está vazio! Não faz sentido porque o futebol existe para os adeptos. O futebol perde a sua essência”.

Julio Velázquez revela que a semana de trabalho está a ser atípica devido às notícias alarmantes que chegam aos jogadores. “Estamos a treinar e a tentar estar focados, mas esta não é uma situação normal. Há muitas redes sociais e há muita informação. Muitas vezes informa-se e outras desinforma-se. Com tantas dúvidas perto de nós, a situação é de muita dúvida e medo”.

A capacidade de resposta dos hospitais também preocupa o treinador. “Temos de baixar o número de contágios. Os hospitais têm a capacidade que têm e há outras doenças que precisam dos profissionais de saúde. Estamos numa situação em que temos de ser muito responsáveis. Se vamos apanhar o vírus, o mais importante é não apanharmos todos ao mesmo tempo. As capacidades dos hospitais são o que são…”

O timoneiro dos sadinos mostra-se preocupado com o que se passa em Itália, onde treinou a Udinese em 2018/19, e o seu país natal, onde a sua mulher (funcionária no Ministério da Cultura espanhol) já trabalha a partir de casa. “Tenho muitos amigos em Itália, país onde treinei, e tenho a minha família e amigos em Espanha. A situação é neste momento diferente entre os dois países. Em Itália está tudo fechado à excepção de farmácias e supermercados. Em Espanha a situação é diferente, mas já há muitas pessoas, como por exemplo a minha mulher, que está em casa a fazer teletrabalho”.

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