Ao longo dos anos, quer o Vitória, quer o Braga têm sido clubes de dimensão semelhante, com predominância para nós uma vez que até 2008, tínhamos conquistado 3 Taças de Portugal e uma Taça da Liga, enquanto o Braga só tinha uma única Taça de Portugal. Este palmarés tem vindo progressivamente a esbater-se e hoje, embora ainda exista um equilíbrio de palmarés, verifica-se uma grande diferença de dimensão entre os dois clubes.
O Braga é actualmente um dos clubes mais poderosos de Portugal e o Vitória está muito, muito longe disso.
Irei procurar averiguar quais os motivos, a saber:
- a) Enquadramento sócio-económico e político: em Braga existem várias empresas multinacionais, desde a informática, passando pela electrónica, pela indústria automóvel, com os seus centros de competências e de tecnologia, tendo sempre a intenção de reforçar os seus investimentos e gerar mais e melhor emprego.
Braga reúne todas as condições para atrair investimento, uma localização geográfica privilegiada, infraestruturas de conhecimento, tais como a Universidade do Minho, o Hospital de Braga, a Escola de Ciências da Saúde, o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia, entre outras. É através da conjugação destes factores que Braga é hoje um dos principais concelhos exportadores de Portugal e o terceiro melhor município do país para se fazerem negócios, a seguir a Lisboa e ao Porto.
Braga evidencia toda uma dinâmica que Setúbal, nem em sonhos. Naturalmente que as opções políticas que se estabelecem, global e localmente, são determinantes para o modelo de desenvolvimento que se pretende.
- b) Estabilidade directiva: Desde que António Salvador assumiu a presidência do Sporting de Braga, em 2003, que o clube conhece um período notável de resultados nacionais e internacionais, nos quais se destacam a conquista daTaça Intertoto, o título device-campeão nacional, duas participações na Liga dos Campeões, finalista vencido na Liga Europa, a conquista de duas Taças da Liga e de uma Taça de Portugal, a somar à única que tinham.
E o Vitória? Desde 2003, tivemos Chumbita Nunes, Jorge Santana, Carlos Costa, Luís Lourenço, Fernando Oliveira e Vítor Hugo Valente. Para além do permanente sufoco com os campeonatos onde predomina a aflição, com uma descida de divisão e a consequente subida, ainda assim conseguimos vencer e ser finalista da Taça de Portugal, vencer e ser finalista da Taça da Liga e a conquista da Supertaça Ibérica, o que não deixa de ser um palmarés notável para um clube com a proverbial falta de condições e o permanente sufoco financeiro, como é o nosso.
- c) Infraestruturas desportivas: Para além do Estádio da Pedreira, o Braga possui a Cidade Desportiva, com um Centro de Formação, vários campos para as camadas jovens, um Pavilhão Multiusos, uma área residencial e administrativa e o antigo estádio 1º de Maio, para jogos oficiais da equipa B e da equipa feminina.
E o Vitória? Estádio do Bonfim velho e obsoleto, campo de treinos sem possuir as dimensões adequadas, campos da Várzea num estado de conservação vergonhoso e indigno, sobretudo o primeiro, que nem sequer está a ser utilizado, mas também o segundo, com as envolvências a apresentarem um ar desleixado, edifícios degradados, canavial espesso, impróprio para um clube com os pergaminhos do Vitória Futebol Clube.
As equipas dos escalões etários inferiores, têm necessidade de se deslocar sempre com a “casa às costas”, para Águas de Moura, Palmela e Azeitão.
Em muitos dos nossos jogos das camadas jovens, existe regularmente um “olheiro” do Braga, atento ao despontar de novos talentos.
O jogador do Braga Francisco Trincão foi vendido ao Barcelona, tendo o clube minhoto encaixado 31 milhões (!!!) de euros, valores inimagináveis para nós.
Estes são, quanto a mim, os principais factores que deixam o Sporting Clube de Braga a uma distância considerável do nosso amado e, apesar de tudo, Enorme Vitória Futebol Clube.