Livros, peças de arte, vinis, malas, cadernos, design de interiores e cinema clássico fazem parte do novo espaço criativo de Vila Nogueira de Azeitão
O número 10 da Rua José Augusto Coelho, em Vila Nogueira de Azeitão, é, desde o passado dia 22 de Outubro, o “Atelier”. Com o intuito de trazer mais arte e design à vida da vila azeitonense, o novo espaço agrega uma loja de cultura pop e um espaço de cowork de designers.
“O design passa por associar a criatividade a uma forma e a uma função e isso representa a criação. Não há criação sem criatividade, e vice-versa, mas estes dois conceitos não são a mesma coisa. A criatividade é espontânea, acontece. A criação é focada, tem um objectivo. O designer quando cria algo cria com uma finalidade”, começa por dizer Gonçalo Nunes Rodrigues, profissional da área e responsável pelo “Atelier”, a O SETUBALENSE – DIÁRIO DA REGIÃO.
Para cada objecto uma história para contar
Este é, assim, um espaço de cowork de designers de Azeitão que acabou por ganhar uma dimensão e uma finalidade diferente do que as que foram pensadas inicialmente. Na montra, livros, discos e outros objectos apresentam o espaço onde em cada parte existe algo diferente para conhecer e mensagens escondidas para descobrir e onde cada elemento conta uma história. “Tudo o que está no atelier tem que ter uma história e tem que fazer pensar”, adianta.
A casa de pássaros, as cortiças que forram paredes ou o chão que pode ser comprado em tábua ou desenhado e montado sob a forma de bloco, com tábuas transversais e até geometrias diferentes, são alguns dos objectos de design, portugueses, que dão forma à decoração do espaço e têm uma história associada que, com entusiasmo, Gonçalo Nunes Rodrigues não se cansa de contar.
Na dualidade forma/função, princípios inerentes ao design, também a função, a outra parte do processo criativo, não fica de fora neste lugar: “para além da sua forma, para que um objecto ou uma ideia tenha uma função há que ter cultura, experiência, ler, absorver, conversar. É aqui que entra a parte da tertúlia e de cultura, que também queremos ter presente, através de música, livros, peças de arte, ferramentas que nos dizem para levarmos a cultura connosco. Tento acima de tudo que os produtos que aqui estão suscitem conversa”, explica.
e para escutar…
Assim, para além de um espaço onde o design é rei, “Atelier” é também um espaço de tertúlia, de confronto de ideias, de conversas. Um sítio onde as pessoas entram e se sentam simplesmente para conversar, “porque seja um escultor belga de 70 anos ou um iniciante do curso de Belas Artes, casos que já me entraram pela porta, ambos têm algo de novo para me contar e por isso no futuro pretendemos também trazer pessoas para falar de algo, para contar histórias”. A começar por momentos de contos infantis aos sábados de manhã, com a editora “The Poets and Dragons Society”, da qual Gonçalo também faz parte, e que abriu recentemente uma livraria na Costa da Caparica, numa parceria com o projecto Nuvem Vitória, para o qual revertem as receitas angariadas com a realização destas actividades.
“Interessa-nos que o conceito de história se perpetue e se mantenha. Contar uma história é um processo de humanização como não existe outro igual e queremos também mostrar que o storytelling está presente no design, no marketing, no jornalismo, em diversas áreas”, refere.
“Uma pessoa que queira conhecer o mundo veja um filme por dia”
No “Atelier”, há ainda espaço para o cinema. Um clube de vídeo grátis, com 365 filmes, um para cada dia do ano, é uma das especificidades do espaço. Pode levar o filme consigo ou até ver no espaço, mas Gonçalo Nunes Rodrigues explica que “tem que trazer sempre o mesmo filme ou outro” e conta que esta ideia resulta da paixão que tem por cinema e da ideia de que uma pessoa que queira conhecer o mundo deve ver um filme por dia. Na selecção, feita por si, constam pelo menos três filmes por cada ano, e “todos os filmes que foram marcos na história do cinema”, entre 1887 e 2019.
Os jogos da Majora também já chegaram à “pop culture store” de Vila Nogueira de Azeitão. À procura de uma prenda “pop, reconhecida, culturalmente interessante, que diga respeito ao ‘Atelier’, barata e portátil”, para este Natal, a equipa chegou à marca que faz desde sempre parte do imaginário de todos.
Aberto de segunda a sábado, entre as 10h00 e as 19h00, mesmo ao lado dos lavadouros azeitonenses e mesmo em frente à Fonte dos Pasmados, o “Atelier” centra o seu terceiro eixo de actuação na ligação à comunidade institucional e às organizações da sociedade civil da região – “ao dar-lhe este espaço e trocar a utilização do mesmo por dinâmicas, fazendo simultaneamente parte de tudo o que são os acontecimentos normais da vila”.