Na semana anterior demos início a um percurso biográfico de Leonor Freitas, proprietária da Casa Ermelinda de Freitas, localizada em Fernando Pó.
Em 2002, tínhamos chegado a um momento em que, por força das circunstâncias vinícolas referidas na crónica anterior, Leonor Freitas decidiu avançar com produção própria.
Em 2004, Leonor Freitas deixou definitivamente a Administração Regional de Saúde de Setúbal, onde trabalhou durante 20 anos, passando a dedicar-se em exclusivo à empresa.
Começou com produção de caixas de cinco litros, denominadas Bag in Box, com o nome Manuel João Freitas, em homenagem a seu Pai.
Como veio para Fernando Pó, sobretudo ajudar a Mãe e também em jeito de homenagem, começou a usar a denominação Ermelinda de Freitas.
Desde 2012 até à presente data, a Casa Ermelinda de Freitas venceu cerca de 1500 prémios, quer a nível nacional, quer internacional, transformando-se, a partir de uma adega marcadamente tradicional, numa adega moderna, constituindo a segunda maior da região, com a produção de vinte e nove qualidades diferentes de tipos de uvas
Leonor Freitas sustenta que ter saído de Fernando Pó com apenas 10 anos, fez toda a diferença, uma vez que lhe abriu os horizontes.
Segundo a sua opinião, o sucesso da Casa Ermelinda de Freitas deve-se a quatro factores conjugados, a saber: a família original e actual, a equipa com quem trabalha, a região e o consumidor.
Não receia a concorrência, quando ela é boa, o que vem sendo o caso.
Leonor Freitas sustenta que a área envolvente de Fernando Pó, possui lençóis freáticos muito abundantes, alguma frescura no clima e solos arenosos, propícios à cultura da vinha.
Embora conhecesse Leonor Freitas pessoalmente, os encontros anteriores foram sempre episódicos e na companhia de bastante gente, impossibilitando uma conversa mais profunda, consistente e pormenorizada, tal como aconteceu no nosso encontro.
Após algumas horas de conversa, algumas características pessoais me chamaram desde logo, particular atenção.
Leonor Freitas é uma mulher extremamente inteligente, simples, emotiva, despretensiosa, alegre e sensível. Possui uma dimensão ética para consigo própria, nas relações interpessoais e nas de trabalho, que logo se tornam particularmente evidentes, assim que começa a explanar a metodologia do seu pensamento.
Não concebe as relações de trabalho sem uma forte componente afectiva, com várias pessoas da mesma família a trabalharem na empresa, com empenho, profissionalismo e dedicação.
Entende que as empresas devem ter uma forte responsabilidade social e que todo este enorme desenvolvimento dos vinhos com a qualidade dos que são produzidos na Península de Setúbal, deve servir como incentivo para se produzir vinho com cada vez maior qualidade.
Outro aspecto que me mereceu especial atenção, foi o Museu, claramente um espaço de memórias familiares, onde o carinho, o afecto, mas também e sobretudo o trabalho ocupam lugar de destaque e onde nos embrenhamos imediatamente nos horizontes da memória familiar.
No Museu sentimos com particular intensidade o amor à terra, a força do trabalho, a vontade e a determinação de quatro gerações que contribuíram decisivamente para tornar a Casa Ermelinda de Freitas aquilo que actualmente representa: Uma das casas de vinhos mais prestigiadas no nosso país.
Cara Dr.ª Leonor Freitas. Foi um privilégio poder estar na sua distinta companhia e também um especial agradecimento à senhora Vanessa Trindade, pela simpatia e profissionalismo com que me proporcionou uma visita guiada às instalações.