Reunião ficou também marcada por discussão entre Nuno Canta e João Afonso, com os bombeiros e o Centro Hospitalar a dominarem atenções
A Câmara Municipal do Montijo vai lançar o concurso público para a construção da Casa da Música Jorge Peixinho pelo valor base de 991 mil euros. A abertura do procedimento concursal foi aprovada, na última quarta-feira, na reunião do executivo camarário com os votos favoráveis de PS e CDU – o vereador do PSD, João Afonso, teve de se ausentar da sessão ainda antes de se entrar na discussão da ordem de trabalhos, pouco antes das 19h30.
Segundo a autarquia, o investimento “vai permitir a requalificação total do edifício existente na denominada Quinta das Nascentes, alterando o uso para um edifício de equipamento constituído por duas áreas funcionais: a Casa Museu Jorge Peixinho e um auditório polivalente”.
Além da vertente cultural, a Casa da Música Jorge Peixinho “irá contribuir para a agregação dos tecidos urbanos confinantes, incrementando a convivialidade e coesão social, reforçando a relevância local deste património e a sua relação com o desenvolvimento do concelho”, frisa a edilidade, adiantando que irá candidatar o projecto ao Pacto para o Desenvolvimento e Coesão Territorial da Área Metropolitana de Lisboa. A candidatura para o efeito já “está” a ser preparada.
Recorde-se que no mesmo local encontra-se a decorrer a construção do Jardim das Nascentes, empreitada orçada em 1 milhão e 290 mil euros.
Academia Sénior para Sarilhos Grandes
Com igual sentido de voto foi também aprovado um protocolo de colaboração, entre a Câmara Municipal, a Junta de Sarilhos Grandes, a Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos e a Academia Musical União e Trabalho (AMUT), para a instalação da Academia Sénior da referida freguesia.
O acordo visa “efectivar o funcionamento da Academia Sénior e as responsabilidades de cada entidade”, explica o município.
“A Câmara ficará responsável pela coordenação do projecto, a junta de freguesia irá realizar acções de acompanhamento psicossocial e de formação na área da informática; a associação de reformados vai ceder o seu espaço e assegurar actividades nas áreas da psicomotricidade, artes, voluntariado; e a AMUT contribuirá com acções no âmbito da música, dança e teatro.”
De acordo com a edilidade, a Academia Sénior de Sarilhos Grandes deverá estar “instalada e em funcionamento no decurso do ano de 2020”.
O município viu, de resto, ser aprovada uma candidatura que efectuou ao Programa Operacional Regional de Lisboa 2020 para a instalação da referida academia sénior, que irá juntar-se às duas outras academias seniores já existentes no concelho, a de Pegões e Canha e a da Atalaia e Alto Estanqueiro-Jardia.
Bombeiros em discussão
No período antes da ordem do dia, os ânimos estiveram ao rubro. Nuno Canta, presidente da autarquia, depois de lembrar a classificação do município montijense como o melhor do distrito de Setúbal e o terceiro melhor entre os municípios de média dimensão no País, de acordo com o anuário financeiro divulgado pela Ordem dos Contabilistas Certificados, apresentou respostas às questões levantadas pelo vereador João Afonso em torno da actual situação dos Bombeiros do Montijo.
O social-democrata havia afirmado na reunião anterior que na corporação houve quem admitisse que “existem pessoas a morrer todos os dias no Montijo por falta de capacidade operacional” da unidade. Além disso, o vereador apontou que a associação teve um défice de cerca de 130 mil euros nas contas de 2018 e que perdeu a oportunidade de beneficiar de um financiamento de meio milhão de euros para obras de requalificação do quartel, por não ter sido apresentada uma candidatura a fundos comunitários para o efeito.
O presidente da autarquia lembrou os apoios que têm sido dados à corporação e que têm vindo a crescer ano após ano, ao mesmo tempo que acusou o social-democrata de ter feito “uma novela política e especulativa” que só veio descredibilizar os bombeiros. Nuno Canta defendeu que não houve qualquer candidatura falhada para requalificação do quartel porque a mesma “nunca existiu”. E quanto ao défice dos bombeiros, argumentou que, após ter reunido com a direcção e o comando da corporação, o montante de 130 mil euros respeita a um investimento que será necessário fazer no futuro, para aumentar a capacidade de resposta da unidade, desde logo com a vinda do aeroporto para o Montijo.
João Afonso rejeitou a explicação acenando três vezes com o relatório e contas de 2018 da associação dos bombeiros, onde, frisou, consta o défice.
Já Carlos Jorge de Almeida, vereador da CDU, considerou que a afirmação de que há pessoas que morrem por falta de capacidade operacional não poderá ficar esquecida. “Proferir uma afirmação deste peso é muito grave. Queremos ver onde isto vai parar”, disse.
Centro Hospitalar no “olho do furacão”
Antes, a propósito da votação de uma saudação pelo 10.º aniversário do Centro Hospitalar Barreiro Montijo, João Afonso criticou Nuno Canta por este não reivindicar melhores condições para a unidade hospitalar montijense e, ao invés, andar “a soprar bolinhos com velinhas com os Batucando atrás”. O social-democrata considerou que o socialista deveria ter aproveitado a oportunidade para exigir o cumprimento do protocolo referente à criação do centro hospitalar que, revelou, apresenta um défice de 42 milhões de euros, 16 dos quais registados apenas no exercício de 2018.
“O presidente da Câmara não é mal educado. Utilizar a celebração de um aniversário para fazer um discurso de reivindicação, não faço. Fazemos nas reuniões em privado, com as instituições que temos de fazer, não andamos a fazer folclore político”, vincou Nuno Canta, com João Afonso a retorquir: “O senhor é que anda na rua com os Batucando atrás e eu é que faço folclore político?”
A concluir, o presidente da autarquia sublinhou que os Batucando foram convidados a actuar pela administração do Centro Hospitalar e que a situação da unidade de saúde é o reflexo do que se passa com todas as outras no País.
Armazém da SANFER já é do município
O antigo armazém da SANFER já passou para a posse da Câmara Municipal do Montijo. O imóvel, localizado na Rua da Bela Vista, junto às oficinas municipais, foi adquirido por 27 mil euros e a escritura foi assinada, em Lisboa, na passada segunda-feira, confirmou Nuno Canta a O SETUBALENSE.
A aquisição teve contornos idênticos à da compra da antiga fábrica do Izidoro e representa, igualmente, um negócio por um montante significativamente inferior ao valor estimado de mercado do imóvel.
Embora ainda não esteja definido, o espaço deverá vir a ser utilizado para uma de duas finalidades: “Ou para a instalação de serviços municipais ou para a criação de um equipamento cultural, para artistas”, adiantou o autarca.