Greta Thunberg e os alarves que governam o mundo

Greta Thunberg e os alarves que governam o mundo

Greta Thunberg e os alarves que governam o mundo

16 Outubro 2019, Quarta-feira
Juvenal José Cordeiro Danado - Professor
Juvenal José Cordeiro Danado – Professor

 

Na sua intervenção na Cimeira da Ação Climática (23 de setembro), em Nova Iorque, Greta Thunberg culpou os chefes de Estado e de governo presentes, pelo aquecimento global do planeta. No discurso emotivo e inflamado, a menina sueca pôs o dedo na ferida: os alarves que decidem os destinos do mundo nunca se preocuparam em resolver os problemas ambientais que estão a estragar a Terra. Fazem promessas e mentem aos povos quando falam na «defesa do ambiente», no «desenvolvimento sustentado» ou nas «medidas de transição e eficiência energética». Traíram-nos, como acusou Greta. Ainda não há muito tempo, negavam as evidências das alterações climáticas (Trump continua a negá-las) a que estamos a assistir, assim como a responsabilidade da ação humana nas mesmas, fundando-se em pseudoestudos realizados por pseudocientistas comprados para mentirem, e escarnindo da ciência séria e dos verdadeiros cientistas que há decénios apresentam dados recolhidos e confirmados nos seus estudos honestos. Greta, de 16 anos, ralhou-lhes como se ralha a gaiatos pequenos. Chamou-lhes imaturos. Tratou-os com o desprezo que merecem.

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O aquecimento global, enquanto motivo para alarme, é uma ideia dos anos 1970 – passaram 50 anos! Mas enquanto ciência pura é muito mais antigo: em 1859, um físico irlandês, John Tyndall, descobriu e demonstrou que o dióxido de carbono, o metano e o vapor de água provocam o efeito de estufa e o aquecimento global. Ora, as atividades humanas continuam a aumentar, exponencialmente, as emissões destes gases. Em 2005, as Academias das Ciências dos oito países mais industrializados do mundo emitiram esta declaração conjunta: «O entendimento científico das alterações climáticas é agora suficientemente claro para justificar que os países tomem medidas imediatas». Mas as lideranças políticas mundiais, dos países que mais poluem, nunca quiseram avançar no sentido de travar as alterações climáticas. Como a jovem denunciou, sobram palavras, mas faltam ações concretas por parte dos países para se reduzirem as emissões dos gases de efeito estufa – emissões associadas, principalmente, à queima de combustíveis fósseis, (petróleo, carvão, gás natural).

Modelos informáticos baseados em estudos sobre o clima, indicam que nos aproximamos de um limite de temperatura global média crítica, a partir da qual a vida na Terra se tornaria muito complicada. Caminhamos para ultrapassar esse limite, coisa de mais 3 ou 4 graus. O que será a nossa vida se o atingirmos, só os deuses saberão.

O que sabemos, não é animador: as temperaturas da atmosfera, o aquecimento e a acidez dos oceanos e dos mares estão a aumentar; o degelo das calotes polares, dos glaciares e do permafrost (o solo gelado) acelera; os fenómenos meteorológicos extremos – ondas de calor, períodos prolongados de secas, incêndios incontroláveis, tempestades e inundações devastadoras – intensificam-se; está em curso uma grande destruição de ecossistemas e de espécies. Já se põe o problema de saber se ainda iremos a tempo. O socorro só poderá vir de novas práticas de todos nós e das empresas, e da aplicação imediata de tecnologias que temos à nossa disposição. Assim a ganância, a irresponsabilidade e a estupidez dos senhores do mundo o permitam.

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Greta Tintin Eleonora Ernman Thunberg começou a faltar às aulas em agosto de 2018, para protestar, em frente ao parlamento sueco, contra a inação dos políticos nas questões ambientais ligadas ao aquecimento global. A ação da adolescente de Estocolmo despertou consciências e inspirou um movimento que realiza greves, vigílias e marchas pelo clima à escala global, que mobilizam milhões por todo o mundo, principalmente jovens. Os jovens, porque são o futuro, são quem mais irá sofrer as consequências da mudança climática. São também eles a maior (e talvez a derradeira) esperança na luta pela defesa da vida no planeta. Nós, os mais velhos, temos o dever e a obrigação de lutarmos a seu lado e ao lado da ativista Greta, a cara do movimento mais genuíno da luta por medidas que revertam o aquecimento global.

Greta Thunberg, Nobel da Paz 2019? Eu assino.

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