“Há mais gente a comprar casa”, assim se noticiou. Bem sei que os três fatores essenciais que mobilizaram, mobilizam e mobilizarão a humanidade são: recursos (alimento), abrigo (casa) e segurança. Na verdade tudo o resto é de menor importância para cada um de nós. Em ano de eleições esta notícia parece boa; é bom para o setor da construção e imobiliário e nada mais. Comprar uma casa é a última coisa que alguém deve fazer, designadamente os jovens. O mundo, sentimos na pele todos os dias, está cada vez menos previsível e isso de escolher a cidade, o bairro, etc. onde se vai viver e ser feliz já não existe. Acresce que em Portugal ser proprietário do quer que seja, muito menos de uma casa, não é boa ideia, só serve para alimentar o Estado e a banca.
Mas, entretanto, não ficamos por aqui. Há um ou dois meses tive oportunidade de assistir (não me atrevi a intervir) a um debate sobre o tema “ o direito a uma casa” onde participaram as deputadas manas Mortágua. Obviamente que uma casa digna para viver é algo a que todos devem aceder. Não discuto, todos temos o direito ao essencial para uma vida digna. Todos fazem por isso? Claro que não, muitos, demais, bem conhecem os seus direitos e por aí se ficam. Olham para o lado, para o tal Estado de costas largas. Será que já é altura de, perante direitos tão óbvios, começarmos a falar de deveres em igual medida?