Exposição celebra primeira viagem de automóvel entre Lisboa e Santiago do Cacém

Exposição celebra primeira viagem de automóvel entre Lisboa e Santiago do Cacém

Exposição celebra primeira viagem de automóvel entre Lisboa e Santiago do Cacém

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Museu Nacional do Coches recebe até 13 de Outubro a exposição de Ricardo D’Assis Cordeiro, que veio de Santiago do Cacém para ilustrar a chegada do primeiro automóvel a Portugal e a sua primeira viagem

 

O artista plástico Ricardo D’Assis Cordeiro é autor da exposição de pintura “Quando os Cavalos… Saltam para o Motor – O Panhard et Levassor, 1895”, que retracta a chegada do primeiro automóvel a Portugal e a sua presença em Santiago do Cacém. A mostra foi acolhida inicialmente na cidade de Santiago do Cacém, que recebeu o automóvel em 1895, e hoje está patente no Museu Nacional dos Coches, em Lisboa. Aqui as pinturas a óleo D’Assis Cordeiro ficam agora a ilustrar a história do primeiro carro em Portugal, até 13 de Outubro de 2019.

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A história da primeira viagem do Panhard et Levassor adquirido pelo 4º Conde de Avillez, Jorge de Avillez, no final do século XIX, levou o artista plástico ao encontro do veículo que integra a exposição permanente do Museu Nacional dos Coches.

Nos planos de futuro está a intenção de trazer a exposição a Setúbal em 2020. “A cidade também celebrou a novidade do automóvel quando este por aí passou em 1895, na sua histórica viagem que levou três dias a percorrer os 140 quilómetros de rota de condução entre Lisboa e Santiago do Cacém, e que hoje levariam apenas cerca de 1h30 a ser percorridos”. Para além de Setúbal, também Alcácer do Sal foi ponto de passagem e de festejos nas ruas.

Para o pintor estes são motivos mais do que suficientes para, no ano em que vão ser assinalados “os 125 anos dessa grande aventura”, levar a exposição a outros palcos, “como Setúbal”.

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Inspirado por um ‘colega’ de outro tempo

 

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“A inspiração para criar esta exposição surgiu a partir das imagens captadas em Santiago do Cacém no princípio do século XX, pelo fotógrafo José Benedito Hidalgo de Vilhena”, revela D’Assis Cordeiro.

Hidalgo de Vilhena, amigo do conde Jorge de Avillez, participou na “memorável viagem do Panhard et Levassor entre Lisboa e Santiago do Cacém” e segundo a pesquisa de D’Assis Cordeiro foi, provavelmente, depois dessa viagem que despertou o seu interesse pela fotografia e para captar imagens ligadas à vivência da sociedade santiaguense, entre o final do século XIX e início do século XX”.

Vilhena viu a sua obra reconhecida publicamente pela primeira vez 1899, quando participou no concurso de fotografia da Sociedade Portuguesa de Belas Artes. “O grande vencedor dessa edição foi o rei [D. Carlos I], mas a partir daí o trabalho de Hidalgo de Vilhena com fotografia ganhou reconhecimento”, revela D’Assis Cordeiro.

 

Um ar de Paris na ‘Pequena Sintra’ do Alentejo

 

No final do século XIX os Condes de Avillez tinham como morada, em Santiago do Cacém, o antigo solar dos morgados da Carreira, o actual Palácio dos condes de Avillez.

“Para além da família Avillez, no final do século XIX a sociedade santiaguense incluía muitas outras famílias de renome, pertencentes à aristocracia e com fortes ligações à família real. “Era uma elite muito cosmopolita”, recorda D’Assis Cordeiro. “Os palacetes prosperavam no lugar que hoje é o centro histórico de Santiago e onde ainda hoje estas famílias ainda os mantêm. Abriu-se a nova avenida com edifícios públicos modernos e a Sociedade Harmonia de Santiago do Cacém trazia recitais, operetas, teatro e mais tarde o cinema à vila. O crescimento era acelerado sob a tutela destas famílias cosmopolitas que tinham um poder económico muito forte, proprietárias de grande parte do Alentejo, e que visitavam Paris com frequência”.

É esse “ar de Paris”, na vila que era conhecida como “a pequena Sintra” que D’Assis Cordeiro procura retractar através da sua obra.

Três dias de viagem por 140 quilómetros

1895

 

14 de Outubro

O Panhard et Levassor atravessa o rio Tejo, de barco, de Lisboa em direcção ao Barreiro. A partir desta localidade o conde Avillez e comitiva seguem pelas péssimas estradas da época até Setúbal onde pernoitam.

 

15 de Outubro

Depois de percorrer algumas ruas de Setúbal o conde Avillez e a comitiva dirigem-se para Santiago do Cacém passando por Águas de Moura e Alcácer do Sal de onde saem às 20h30. Pelas 22h30 atravessam a vila de Grândola.

 

16 de Outubro

O Panhard et Levassor chega de nesta madrugada a Santiago do Cacém

 

Ricardo D’Assis Cordeiro

 

Nasce em Moçambique em 1963. Entre 1982 e 1987, frequenta os atelieres do Centro de Arte e Comunicação Visual, Ar.Co., em Lisboa.
Ao longo da década de 80 são vários os prémios conquistados. Em 1983 conquista o 1º Prémio de Pintura do Gabinete Área de Sines. E, em 1987, o 2º Prémio de Pintura, Novos Valores da Cultura, Leiria e Lisboa. A Menção Honrosa no Prémio SocTip, Jovens Pintores, Lisboa, é a distinção conquistada em 1988.

Na década de 90  o reconhecimento do seu trabalho prossegue com a conquista do 2º Prémio de Pintura no Concurso Descobrimentos Portugueses, Lisboa, e Menção Honrosa no Concurso Fidelidade, Jovens Pintores, Lisboa, em 1990.
Em 1996 recebe a Medalha Municipal de Mérito Cultural, entregue pela Câmara Municipal de Cascais.

Ao longo da sua carreira Ricardo D’Assis Cordeiro já realizou cerca de 40 exposições individuais em Alcobaça, Alhandra, Beja, Caldas da Rainha, Évora, Lisboa, Monchique, Portimão, Porto, Santiago do Cacém, Sines e Tomar.

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