Caminhos de Santiago

Caminhos de Santiago

Caminhos de Santiago

12 Setembro 2019, Quinta-feira
Carlos A. Cupeto -Escola de Ciências e Tecnologia
Carlos A. Cupeto -Escola de Ciências e Tecnologia
Universidade de Évora

O aparente milagre de haver por aí umas placas e umas setas amarelas que a apontam para Compostela não será mais que o entornar de dinheiro

 

Por magia da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo o sul tem um caminho de Santiago. Caminhos de Santiago é outra coisa. Faço-os há cerca de 30 anos e tenho uns milhares de quilómetros nas botas. Soube da coisa por O SETUBALENSE – DIÁRIO DA REGIÃO e confesso que não fui espreitar, tão pouco no on-line.

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Obviamente que o tema Santiago é comercialmente muito, mas muito, apetecível e o nosso país tarde o percebeu. Todavia, se não se importam, Santiago é muito mais que isso e por muito que as novas tecnologias digitais e satélites nos ajudem o Senhor Santiago não faz desse tipo de milagres.

Na verdade o aparente milagre de haver por aí umas placas e umas setas amarelas que a apontam para Compostela (“campo de estrelas”) não será mais que o entornar de dinheiro. Tudo o resto, o essencial para a coisa ter sucesso e responder às necessidades dos peregrinos, desculpem, dos turistas, está por fazer; custa muito e dá trabalho. Temos mais um pseudo-produto, pago por todos, para o faz de conta. É muito bom sabermos, daqui a uns meses, quantos turistas usaram esta coisa e fazermos as contas do custo por cabeça.

Por muito que custe a admitir o sucesso do turismo é apenas o imediato e esta é “apenas” a indústria mais predadora do século XXI: o objetivo é viajar cada vez para mais longe em menos tempo com a intensidade máxima, dando uma nova expressão à máxima do “quanto mais melhor.” Depois da viagem em low cost, o turista no destino exige e consome sem limites.

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Este turismo é um produto do nosso tempo com uma fatura de valor incalculável, que inevitavelmente será cobrada um dia: “faz e leva o quiseres desde que pagues”, o quanto basta para o contentamento de alguns e a fatura para todos. No fim, como sempre é, resta-nos uma certeza o custo disto vai ser enorme. Quando for para pagar, toca a todos.

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