27 Abril 2024, Sábado
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Dura Praxis, Sed Praxis

Pode ser polémico, mas de todas as descobertas arqueológicas encontradas no Egipto, talvez a mais fascinante sejam as múmias. É cultura geral: em 1886 foi encontrada uma múmia sem identificação que ficou conhecida como “Unknown Man E”, igualmente conhecida como a múmia que grita; em 2017 confirma-se que, de todas as descobertas arqueológicas encontradas no PSD, talvez a mais fascinante seja Cavaco Silva, também conhecida como a múmia que ora. No fundo, a grande diferença entre ambas é a forma de manifestação: uma apresenta agonia e dor no rosto, a outra provoca agonia e dor no rosto de quem a ouve. E quem a ouviu foram os jovens da JSD durante uma intervenção sua como orador na universidade de verão do PSD, jornadas que se realizam desde 2003 e que, segundo o PSD, contam com formadores e oradores de grande qualidade.
É possível que seja neste ponto que o problema das praxes, da integração na vida académica e profissional conflua para que a análise destetema seja consequente. Como assim, pergunta o leitor mais curioso?Atente no raciocínio imparcial e talvez pouco coerente: os cientistas destes assuntos defendem que as universidades ocupam um papel importante na formação e futuro das sociedades.Pode até ser, mas depois de ver o que se passou na universidade de verão do PSD coloco as minhas reservas. Há praxes engraçadas e saudáveis nos meios universitários, tal como sodomizar e humilhar caloiros, mas depois há aquelas praxes inadmissíveis de meter Cavaco Silva a fazer de orador para os jovens do partido. Desde Miguel Relvas que não se assistia a tão maus exemplos em universidades.
(Importa ressalvar que se o objectivo era mesmo praxar os participantes na universidade de verão do PSD, então dê-se mérito a quem escolheu o orador. No fundo, trata-se de alguém com um vasto curriculum em praxar os portugueses ao longo de vários anos, logo indicado para esta missão).
Numa espécie de ensinamentos de taberna, Cavaco Silva explicou aos alunos que há “políticos que acabam por perder o pio ou fingem que piam”, concluindo que “a palavra presidencial deve ser escassa”, uma estratégia que “contrasta com a verborreia frenética da maioria dos políticos europeus dos nossos dias, ainda que não digam nada de relevante” – isto dito enquanto Tutankamon pedia uma rodada de traçadinhos para ambos. Faltou apenas criticar políticos que apreciam cagarras e sorrisos de vaquinhas.
Sei o que o leitor está a pensar. Preferia que um filho seu apanhasse herpes vaginais ou sífilis numa praxe académica, a receber ensinamentos de Aníbal Cavaco Silva. Eu também, caro leitor, eu também.

Manuel Jorge
Humorista
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