Trio do Naval fecha época na Madeira

Trio do Naval fecha época na Madeira

Trio do Naval fecha época na Madeira

João Cascalheira, Margarida Soares e Filipe Melo viajam esta semana para o Funchal, onde vão participar no campeonato nacional de natação, a última competição desta temporada. O trio, que divide os dias entre a escola, a vida pessoal e o desporto, falou a O SETUBALENSE-DIÁRIO DA REGIÃO sobre a dificuldade em conciliar todas as responsabilidades.

 

Este fim-de-semana marca o final da época de natação para três atletas do Naval, que vão à Madeira para participar no campeonato nacional da modalidade à procura de fechar a temporada com chave de ouro. Filipe Melo, Margarida Soares e João Cascalheira serão os representantes do clube setubalense no Funchal e chegam à prova com vontade de assinarem a sua melhor prestação.

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Para Filipe Melo, de 18 anos, “a preparação para é apenas nadar e fazer uma semana mais leve para chegar em condições à prova”, enquanto que Margarida Soares, de 16 anos, vê no campeonato nacional “um acumular dos treinos de todo o ano”. Já João Cascalheira, também de 16 anos e em estreia no Open de Portugal, apontou a uma boa experiência fora do continente: “Vou nadar em quatro provas e acho que, embora tenhamos treinado o ano todo, estes últimos treinos têm sido os mais difíceis de toda a época.”

Para o trio, que entra na derradeira competição com muitos quilómetros nadados ao longo dos últimos meses, o principal objetivo é superar as marcas pessoais, não apontando a um lugar no topo da tabela. “O objetivo é sempre melhorar. Na natação nós não apontamos a um pódio neste tipo de provas mas sim a melhorar o nosso tempo pessoal. Nadamos em função de nós mesmos e não do tempo dos outros”, explicou Filipe Melo.

O campeonato nacional marca o final de uma temporada, ao longo da qual os jovens dividiram o seu tempo entre três pilares – a natação, a escola e a vida pessoal. Nos dias mais preenchidos, o grupo tem treino às 6 horas da manhã e segue para escola e, por vezes, também para a explicação. Ao final do dia, das 18:40 às 21 horas há lugar ao segundo treino diário, seguido do regresso a casa para jantar e reforçar os estudos. “A nossa vida é complicada. Quando temos treinos bi-diários levantamo-nos muito cedo e o nosso dia é piscina, escola e casa”, comentou Filipe Melo. “Quando chego à escola depois de uma prova, perguntam-me sempre se fiquei em primeiro. Não percebem bem como funciona”, acrescentou. “Os colegas de turma dizem que somos malucos porque acordamos às seis da manhã”, completou Margarida Soares.

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Perante as dificuldades, muitos atletas acabam por desistir da modalidade. Este é um pensamento que já passou pela cabeça de João, Filipe e Margarida, com o primeiro a ter saído do Naval na época anterior devido a uma lesão, regressando no ano seguinte. Já Filipe Melo, o mais velho do grupo, recordou a altura em que colocou a continuidade em causa. “Quando era mais novo, muitos dos mais velhos começaram a sair num curto espaço de tempo. Isso deixou-me mal, porque além de colegas eram meus amigos. Os resultados, tanto na escola como na natação, não estavam a ser os esperados mas eu decidi não parar e hoje estou aqui”, revelou. Dos três, só Margarida Soares garantiu não ter pensado em deixar a modalidade: “Tenho alguns momentos menos bons, tais como quando os meus amigos me convidam para sair e eu tenho de dizer que não porque tenho provas, mas depois os resultados compensam. São emoções diferentes”. Apesar das diferenças, o trio revelou um fator decisivo comum a todos – a amizade com o treinador Miguel Galvão.

Com a hipótese de entrar na faculdade cada vez mais próxima, o grupo começa também a pensar no futuro. Para Filipe Melo, que terminou agora o secundário, e João Cascalheira a biologia é um dos desejos mais fortes. Já Margarida Soares pensa em nutrição ou fisioterapia, mas revela que enfermagem é o sonho.

 

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Técnico acredita no top-20

Miguel Galvão, treinador dos jovens, acredita que o trio poderá sair do campeonato nacional com uma boa prestação. “Espero que eles tenham um bom desempenho e que se superem. É sempre bom competir com os melhores atletas nacionais. Acredito que podem ficar nos vinte primeiros lugares dos seus escalões”, disse o técnico de 51 anos, que comentou a ligação entre si e os atletas. “Apesar do meu papel ser andar a dar-lhes na cabeça, é importante que haja uma boa relação. É gratificante saber que sou importante para eles. Tem de haver uma ligação forte, empatia e ter objetivos que caminhem no mesmo sentido”, disse.

Tal como os jovens João, Filipe e Margarida, Miguel Galvão divide a natação com a vida pessoal e a profissão de professor, algo que nem sempre é fácil. “Este é um trabalho exigente. Muitos treinadores já conseguem fazê-lo como único emprego, mas no geral a vida de treinador não é fácil”, disse o técnico, que vê com bons olhos a evolução da modalidade.

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