ULSAR abriu concurso, Santa Casa foi “a jogo” e ganhou. Proposta da União Mutualista foi excluída pelo júri

A Santa Casa da Misericórdia do Montijo ganhou a corrida pela gestão do Serviço de Medicina do Hospital do Montijo à União Mutualista Nossa Senhora da Conceição.

A Unidade Local de Saúde do Arco Ribeirinho (ULSAR), tal como O SETUBALENSE noticiou na edição de 14 de novembro último, já havia decidido entregar no início do próximo ano a gestão do serviço – que cuida de doentes acamados, mas com alta médica – a uma entidade externa. E estava previsto que essa entidade fosse a União Mutualista. Só que a Misericórdia do Montijo informou o Conselho de Administração da ULSAR que também estava interessada em assegurar o serviço e que a escolha não devia nem podia ser fechada à União Mutualista.

A administração da ULSAR decidiu avançar com um procedimento concursal que acabou, assim, por contar com propostas das duas instituições. E, após a análise das propostas na passada terça-feira, o júri do concurso decidiu excluir do processo a União Mutualista, por a proposta desta entidade não cumprir com todos os requisitos necessários para admissibilidade, além de conter um erro de cálculo, apurou O SETUBALENSE. Em sentido inverso, deliberou admitir a proposta da Santa Casa da Misericórdia, com um valor de adjudicação superior a 560 mil euros.

O processo entra agora na fase de audiência prévia, conforme determinado nos procedimentos de contratação pública, e se não se registarem pronúncias dos concorrentes (neste caso da União Mutualista Nossa Senhora da Conceição) o relatório preliminar com a decisão do júri passará a relatório final.

Apesar de prever aumentar até 50 o número de camas – cerca do dobro das existentes –, a passagem do Serviço de Medicina do Hospital do Montijo para uma entidade externa acabou envolta em polémica. Primeiro, por representar mais uma “descapitalização” da unidade hospitalar do Montijo; depois, pela forma sigilosa como inicialmente o processo foi tratado pela administração da ULSAR, sem envolvimento de todas as partes interessadas, o que, desde logo, gerou preocupação entre os profissionais de saúde que até agora têm assegurado aquele serviço no Montijo e que, até então, não tinham sido esclarecidos quanto ao seu futuro (a maioria destes 19 enfermeiros, 12 auxiliares e um médico terá como destino mais provável o Hospital do Barreiro).

Esta última situação motivou, inclusive, a presença de cerca de duas dezenas destes profissionais na reunião de câmara de 19 de novembro, para solicitarem esclarecimentos ao presidente da autarquia, Fernando Caria, em virtude de o edil se ter reunido na véspera com a administração da ULSAR nos Paços do Concelho.

O Hospital do Montijo foi inaugurado em 1947. Nos últimos anos, sobretudo depois de constituído o Centro Hospitalar Barreiro Montijo – que integrou as duas unidades hospitalares, por protocolo assinado em fevereiro de 2007 entre a Câmara Municipal do Montijo e a então Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo –, a unidade montijense tem vindo a perder valências, ao contrário do que ficou protocolado.