Num momento em que a Sociedade 1.º de Dezembro celebra 171 anos, o responsável volta a apelar ao apoio da autarquia. E alerta para o risco existente na sede
A comemorar 171 anos de vida completados no passado dia 1, a Sociedade Filarmónica 1.º de Dezembro, do Montijo, prepara-se para realizar o concerto de aniversário na próxima segunda-feira. O espetáculo vai ter lugar no Cinema Teatro Joaquim d’Almeida, pelas 16h30, com a banda da coletividade a apresentar um repertório de jazz, acompanhada pela soprano Carina Ferreira. E Joaquim Baliza, presidente da direção da 1.º de Dezembro, revela aquele que seria o presente perfeito de aniversário e de Natal para a instituição.
“A 1.º de Dezembro neste momento está a precisar do arranjo do telhado [da sede], que foi pedido à Câmara no tempo do presidente Nuno Canta. Ficou a dúvida. Depois, a presidente Maria Clara passou [o pedido] para o vereador José Manuel Santos, que disse que a Câmara não tinha dinheiro”, revelou o dirigente em entrevista concedida a O SETUBALENSE e à Rádio Popular FM. Joaquim Baliza afirma a incapacidade financeira da coletividade para custear a obra estimada em “70 mil euros” e tem esperança de poder vir a contar com o financiamento do município. “Apesar de vários contactos com a autarquia, até hoje estamos à espera. Esperemos que o novo executivo possa contribuir com a obra. O madeirame do telhado data de 1950. São 75 anos e há o risco de o telhado abater com as pessoas lá dentro”, alertou.
A Câmara Municipal tem sido “fundamental” para a instituição. “Até agora não temos razão de queixa. Se não houvesse apoio da Câmara, a coletividade tinha de fechar a porta. Os apoios andavam à volta de 22 mil euros [anuais]. Este ano o protocolo aponta para 32 mil euros”, adiantou.
Todas somadas, as receitas são insuficientes para permitir investimentos em obras de monta, apesar da sociedade apresentar uma situação financeira estável. “Os resultados têm sido positivos. Estamos com uma situação razoável para o dia-a-dia. Se fôssemos fazer obras, não conseguíamos”, frisou.
A instituição dinamiza atualmente “29 atividades”, desde formação musical até à prática de danças, cantares e karaté, frequentadas por “alunos desde os 3 até os 90 anos”. E conta com cerca de 800 associados. “Já tivemos 1 300, mas os idosos vão morrendo”, lamentou Joaquim Baliza, sem deixar de reconhecer o impacto negativo da covid-19 . “Antes da pandemia, tínhamos à volta de 100 a 150 sócios todos os dias [na sede]. E passámos a ter a coletividade frequentada por 30 a 40 sócios por dia”.
A banda filarmónica continua a ser a principal referência da instituição e o seu futuro está assegurado com os jovens que transitam da escola de formação. Mas, Joaquim Baliza gostava de ver a filarmónica a atuar noutros palcos. “Concursos internacionais é o que falta. Já fomos e agora estamos parados. Ir a um concurso internacional é caro. O último a que nós fomos foi a Altea [Espanha]. A Câmara, na altura, deu-nos 500 euros para irmos. Já foi há 20 anos. Ficámos em 3.º lugar. Mas só fomos porque os produtores do concurso deram-nos a estadia de borla”, lembrou.
A concretizar-se, o desejo pode, porém, não vir a ser desfrutado por Joaquim Baliza. O mandato termina em Março próximo e o montijense, que leva 25 anos de presidência a somar a três de vice-presidência, admite não se recandidatar. “É uma decisão que ainda não está tomada, mas em princípio não”, disse, a concluir.