Bispo de Setúbal pede que, na quadra festiva, os fiéis não percam a esperança e que continuem a amar o próximo
“Gostava muito que, para todos nós, este não fosse mais um Advento, mais um Natal… antes pelo contrário, que seja «O» Advento, «O» Natal”. É assim que o Cardeal D. Américo Aguiar, Bispo de Setúbal, começa a mensagem de Advento e Natal de 2025.
O prelado lembra as guerras que estão a assolar o mundo e todas as consequências que delas advêm. “Enquanto escrevo estas linhas, o mundo assiste à possível capitulação do povo ucraniano. Não sei como será vivido o Natal na Ucrânia, nem em Gaza, nem em Myanmar, nem em Cabo Delgado, Moçambique, na Venezuela, em tantos outros pontos do nosso mundo onde se vive a “Terceira Guerra Mundial aos bocadinhos” como nos dizia o Papa Francisco… Mas sei que há fome, há destruição, há medo. Há famílias desfeitas, crianças órfãs. A guerra foi, é e será sempre o pior de todos os males de que o homem é capaz. Porque anula, destrói e corrompe a dignidade humana, aquela a que todos somos elevados desde o momento em que nascemos”.
Pede por isso que durante a quadra festiva os fiéis não percam a esperança e que continuem a amar o próximo. “E o Natal fala-nos de Esperança, de Alegria e de Paz. Como seremos capazes de viver a Esperança, a Paz, a Alegria do Natal, perante este mundo, face a acontecimentos que nos são distantes do ponto de vista pessoal ou familiar? Não tenho respostas fáceis, mas sei que estamos a terminar o Jubileu da Esperança. Que nos pede essa capacidade de não desistir de anunciar, de amar, de cuidar dos outros”.
Apela que se faça o presépio em cada uma das casas. “Bem sei que hoje parece impossível dissociar o Pai Natal carregado de presentes, deste tempo que nos é dado viver, ano após ano. Assim como é difícil manter a pureza de outros Natais, em que os presentes cabiam todos num sapatinho. Mas é possível fazermos a nossa parte, enquanto homens, mulheres, jovens e crianças desta Diocese que habitamos. É possível não deixar de fazer o presépio em cada uma das nossas casas. É possível fazer o presépio nas montras dos nossos estabelecimentos comerciais. É possível encontrar algum tempo do nosso tempo, para perceber a cadência das quatro semanas do Advento. Com coroas ou sem coroas, o que importa é a luz de quatro velas que se acendem, uma de cada vez e nos podem iluminar este Natal. É possível não criar expectativas nas crianças, sobre brinquedos e mais brinquedos e, antes pelo contrário, plantar nos seus pequeninos corações, a semente da generosidade que se faz atenção aos que menos têm e dádiva de uma pureza que só os mais pequeninos conseguem”.