Instrumento financeiro visa abranger empresas da região. Explicação dada pelo presidente do Banco Português de Fomento, num encontro da SEDES
As empresas da Península de Setúbal vão passar a contar com um instrumento financeiro específico para inovação e competitividade, o IFIC – Instrumento de Financiamento Para a Inovação e Competitividade, que permitirá apoiar micro, pequenas, médias e grandes empresas da região, até 35% a fundo perdido. A medida foi confirmada por Gonçalo Regalado, presidente do Banco Português de Fomento, que foi convidado de honra num jantar-debate da SEDES Distrital de Setúbal, que decorreu nesta quarta-feira à noite no restaurante Alfoz.
Durante o encontro, que contou com a presença de várias dezenas de empresários, Nuno Maia, diretor-geral da Associação da Indústria da Península de Setúbal (AISET) alertou para a situação das empresas locais que enfrentam uma carência de investimento que se prolonga há mais de duas décadas. “As grandes empresas são muitas vezes afastadas destes programas, mas são determinantes para a economia regional. Queríamos saber se será possível enquadrar empresas nesta situação de desvantagem”, disse.
Gonçalo Regalado explicou que o IFIC é um instrumento financeiro criado para promover a inovação e a competitividade, especialmente em áreas que atualmente não são abrangidas pelo Portugal 2030, como é o caso da Península de Setúbal. De acordo com o responsável do Banco Português de Fomento, a medida permitirá corrigir desigualdades históricas, neutralizando desvantagens competitivas que se prolongariam até ao próximo quadro comunitário, previsto para janeiro de 2028.
“Costuma-se dizer que ter bons vizinhos é uma boa virtude. No caso da Península de Setúbal, é uma boa dificuldade”, afirmou Gonçalo Regalado, referindo-se à proximidade de Lisboa, região com o maior PIB per capita do país, que historicamente coloca empresas locais em posição de desvantagem face aos incentivos disponíveis. “A Península de Setúbal não define a margem do Rio e, portanto, há um impacto direto. É um trabalho bem feito de as autoridades portuguesas garantir que a região não paga a fatura por não ter os incentivos necessários”, acrescentou.
O responsável detalhou ainda a forma de aplicação do IFIC. As empresas da região poderão aceder a apoios de até 35% a fundo perdido, independentemente da sua dimensão, abrangendo micro, pequenas, médias e grandes empresas. “Isso é uma boa alegria. Todas as dimensões das empresas poderão utilizar este instrumento”, disse, destacando que o mecanismo permitirá fomentar a competitividade local e incentivar o investimento em inovação.
O IFIC, segundo Gonçalo Regalado, surge como uma resposta estratégica para desenvolver a Península de Setúbal, aproximando-a de condições mais equitativas face às regiões vizinhas mais desenvolvidas. Ao disponibilizar recursos financeiros específicos, o instrumento pretende criar um ambiente de oportunidades para empresas de todos os setores, ajudando a reter talento, estimular investimentos e melhorar a capacidade de inovação regional.
O presidente do Banco Português de Fomento sublinhou ainda que a medida é parte de um esforço maior de planeamento e coordenação entre organismos nacionais, garantindo que a Península de Setúbal se beneficie de políticas públicas orientadas para a competitividade sustentável.