Ciência sem fronteiras

Ciência sem fronteiras

Ciência sem fronteiras

Ensinar livre e aprender com liberdade

“Desde criança que sou uma pessoa versátil, muito aberta, gostava muito de conhecer o mundo e experiências novas”. Assim se cultivou a semente de Leonor Saraiva, uma futura educadora que desafiou o tempo e as fronteiras da educação. “Eu sempre adorei estudar”, confessa levemente envergonhada. A raiz cresce e leva-a a abraçar a biologia como a sua área de formação ainda que, inicialmente, estivesse movida por uma curiosidade na área da medicina. O seu microscópio não se limitava somente ao território nacional. Estágios em pedagogia no estrangeiro abriram-lhe horizontes, influenciando não apenas o seu método educacional, mas também a sua visão do mundo “como os ingleses, temos que meter as mãos na massa e desenvolver o pensamento crítico”. No entanto, a sua verdadeira vocação revelou-se na prática do ensino, onde encontrou o desafio de formar mentes jovens, especialmente no ciclo secundário, “gostava muito de ser professora e do contacto com gente nova”. Após concluir o mestrado, pensou em voltar a dar aulas onde se estreou, até que a Escola Superior de Educação surgiu nos seus planos. Assume com uma leve gargalhada que “nunca imaginei ficar 30 anos no mesmo sítio”, no instituto que a encantou até se reformar, pois, “nunca tinha aborrecimento”. “O dia em que dei a minha última lição foi uma festa, estava imensa gente, foi um dia felicíssimo para mim”, relembra enquanto levanta os cantos da boca com um olhar radiante de nostalgia. A ex-docente nunca fugiu às dificuldades no caule da educação. Pelo contrário, abraçou as reformas como oportunidades de crescimento, “Eu não fico a matutar. Decido e sigo em frente”, afirma com convicção. Aconselha a próxima geração de professores a terem “cabecinha” e a estimular o “pensamento crítico” onde se deve sempre procurar “argumentar com evidencias e não com opiniões”. Aos 72 anos, é a personificação de uma procura incansável por aprender, ensinar e explorar. Atualmente reformada, dedica-se à leitura, viagens e à reflexão sobre o futuro da educação. É firme nas suas decisões “mesmo se correr mal, fui eu que decidi”, vivendo com a convicção de que o passado moldou a pessoa que é hoje. Leonor Saraiva define-se numa palavra: livre. Não apenas por conta da sua vivência do decorrer do 25 de Abril, no auge da conclusão da sua licenciatura, mas também como uma filosofia de vida que se originou da família e onde, mesmo antes da revolução, já se sentia emancipada “eu sou liberdade”. É essa autenticidade que deseja que os seus alunos e colegas a recordem como pessoa. Uma mulher que, acima de tudo, nos ensina que o espírito livre é como num florescer de um cravo: é o maior legado que alguém pode deixar.

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