Este é o segundo de um conjunto de cinco artigos que sairão neste espaço, com o objectivo de clarificar os termos da próxima disputa eleitoral autárquica.
Desta feita, e como prometido, abordarei a importância da reputação na avaliação de um candidato a presidente de uma câmara municipal.
Um político inteligente e cuidadoso faz tudo para defender, proteger e promover a sua reputação. A reputação constitui, ao fim e ao cabo, o seguro de vida de um líder político ou autárquico.
Na verdade, a confiança e a credibilidade de um político passa, acima de tudo, por o cidadão ter a certeza de que o administrador do interesse público é um cidadão ou cidadã honesto (a), digno (a) incorruptível, coerente e cumpridor.
Todavia, em política a percepção é mais importante que a realidade. Ou seja, em política os indivíduos tendem a julgar e a fazer as suas escolhas pelo que percebem, o que não corresponde necessariamente à verdade e à realidade. Por ex, se eu conhecer um líder autárquico apenas por um ou outro encontro, ou se o conhecer pelo que me é transmitido por um círculo estreito apoiante do líder, passo a ter uma percepção da realidade condicionada, parcelar e com pouca adesão à realidade.
A realidade pode ser exactamente contrária a essa percepção. E só mais tarde, com a acumulação de erros, atropelos e desonestidades a verdade vem ao de cima.
Nesse contexto, constatamos que fomos iludidos pela percepção da realidade, devido a um conhecimento da mesma dispersa, insuficiente e tendenciosa.
Todavia, o autarca é julgado principalmente pela sua reputação (seja percepcionada ou real), reputação que quando adquirida fica colada à imagem do líder para o bem ou para o mal.
A reputação, no sentido ético do termo, deve ser preservada, porque é difícil mudar uma reputação para melhor, mas é muito fácil mudá-la para pior.
A reputação do político é uma criação social que passou a ser colectiva e não individual, daí os seus actos e declarações serem medidos a rigor e dessa avaliação pode resultar o reforço ou a destruição da própria reputação.
O candidato autárquico ganhador e com futuro deve construir a sua reputação assente em 7 pilares básicos:
1 – Assume um compromisso político e público com a ética;
2 – Cultiva os valores da liderança e da gestão, como a transparência, a integridade, a honestidade, a responsabilidade e a prestação de contas;
3 – Serve a Administração local com lealdade, com o propósito do respeito pela legislação, pela deontologia profissional e pela ética;
4- Age com imparcialidade no tratamento dos direitos, obrigações e interesses legítimos de terceiros, independentemente do sexo, da raça, da língua, do território de origem, da religião, das convicções políticas ou ideológicas, da instrução, da situação económica ou condição social do administrado;
5- Comunica às autoridades competentes qualquer prova, alegação ou suspeita de actividade ilegal ou criminosa relativa à função pública da qual tenha conhecimento ou por ocasião do exercício das suas funções;
6 – Procura agir com inteligência emocional no processo de comunicação e de inter-relação pessoal com os trabalhadores, a oposição e os cidadãos;
7 – Manifesta-se aberto e disponível à mudança.
O grego Protágoras já dizia há vinte e seis séculos que “O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são.”
NOTA: O tema do próximo artigo: “a vantagem de quem conhece melhor a realidade”