O “corrupio” de que Carla Guerreiro não se cansa
Carla Alexandra Potrica Guerreiro, dedica a sua vida há 15 anos à vereação da Câmara Municipal de Setúbal, apesar de não encarar “isto como profissão”, “pelo menos eu não encaro isso dessa maneira”. A sua primeira opção era Psicologia, mas decidiu entrar em Beja na Licenciatura de Professores do Ensino Básico, na variante de Matemática e Ciências da Natureza e quem diria que ali descobriria a grande paixão da sua vida, o ensino. Durante pouco mais de uma década os alunos eram a sua vida, agora o “corrupio” da Câmara é o conforto de Carla Guerreiro, apesar de admitir ser difícil manter um afastamento do trabalho quando está só com as suas duas filhas, “às vezes é quando estamos até mais sozinhos e fora destes corredores, que temos um bocadinho de tempo, para refletir sobre as questões”. Para a Vice-Presidente “o trabalho é aquilo que nós quisermos”, tudo depende do nosso compromisso e do empenho que se tem “se a pessoa se empenhar naquela função e der o seu melhor com certeza que terá frutos”. Ao fim de década e meia ao serviço dos setubalenses, já muito aconteceu dentro do edifício Sado, mas o dia mais difícil foi “há uns anos atrás”, quando “houve um acidente grave no Mercado Livramento”, “morreram 5 pessoas”. Quem se cruza com Carla Guerreiro percebe à primeira vista que se trata de uma mulher discreta, é com a sua secretária Benedita com “quem às vezes converso”, “mas tenho aqui alguns bons amigos”. A família é um alicerce fundamental na sua vida, “sem a minha família, não era possível eu estar aqui”, apesar de lamentar a falta de tempo que lhes dedica, “muitos jantares que não são feitos em família”. Apesar de não admitir as saudades de lecionar são evidentes na forma como fala dos tempos em que percorria os corredores das escolas entre livros de ponto e manuais, “tenho sempre assim uma certa nostalgia”, “do que é que podia ter sido também a minha vida”, confessa algo muito curioso, uma funcionária com quem trabalha “foi minha aluna” e “chama-me professora”. A Escola Superior de Educação sempre teve um lugar especial no desenvolvimento da região, e é “uma referência a nível nacional”, ali reconhece uma “capacidade de inovação” e de métodos muito “à frente do seu tempo”. Há 40 anos, a Escola foi feita com uma outra filosofia “de alguma forma aquele edifício também deixa transparecer uma forma diferente de dar as aulas”, realça ainda a importância das comemorações do quadragésimo aniversário da ESE, como uma forma de “dar a conhecer o que ali se faz”, “ao resto da cidade”. A professora entristece-se ao falar do estado da Educação em Portugal, “não é rentável trabalhar nesta área, as pessoas não são reconhecidas”, apesar de se caracterizaesr como “uma pessoa otimista”, “não tenho nada aquela ideia de que o mundo está perdido”.