A elevação de Setúbal a cidade em 1860 não foi apenas um gesto simbólico, mas um ponto de inflexão histórico. Permitiu que a cidade entrasse num ciclo de crescimento e afirmação regional e nacional que perdura até hoje
Um dos acontecimentos mais marcantes no concelho de Setúbal nos últimos 170 anos foi a sua elevação à categoria de cidade, oficializada a 19 de Abril de 1860 por decreto do rei D. Pedro V. Este reconhecimento reflectiu a crescente importância económica e demográfica de Setúbal no século XIX, destacando-se pelo comércio de sal, laranja, cortiça e cereais, além de uma população significativa para a época.
Entre os vários acontecimentos marcantes em Setúbal nos últimos 170 anos, a elevação de Setúbal a cidade em 1860 destaca-se como o mais importante pela relevância simbólica, política e económica.
Reconhecimento oficial: Ser elevada a cidade significou o reconhecimento, pelo poder central, da importância de Setúbal como polo urbano e económico.
Impulso ao desenvolvimento: Esta mudança fomentou investimentos, melhorias urbanísticas e administrativas, e reforçou a identidade local.
Marco fundacional: A cidade passou a ter maior autonomia e presença política, o que foi crucial para o seu crescimento no século XX, especialmente nas indústrias conserveira e naval.
No século XIX, Portugal encontrava-se num processo de modernização do Estado e reorganização administrativa. As cidades ganhavam destaque como centros de poder político, económico e cultural. Setúbal, com uma população crescente e um porto de importância estratégica, armava- -se já como um centro económico de relevo na Península de Setúbal.
elevo na Península de Setúbal. Antes de 1860, Setúbal tinha uma economia baseada no sal, pesca e exportação agrícola, com destaque para a indústria conserveira nascente e possuía uma burguesia comercial e industrial em ascensão, ligada ao porto e à rede de transportes. Era um centro logístico vital para o comércio com o Atlântico e o Mediterrâneo.
O Decreto de 19 de Abril de 1860, assinado pelo rei D. Pedro V, a elevar Setúbal a cidade, reconheceu a importância administrativa e económica da vila, concedeu estatuto e prestígio político e foi o ponto de partida para investimentos em infraestruturas urbanas, como ruas, iluminação pública e serviços municipais.
A elevação a cidade teve como impactos directos e duradouros a urbanização acelerada, com mais serviços públicos, escolas, hospitais, saneamento básico e desenvolvimento de bairros; a indústria conserveira e naval, que transformaram Setúbal num dos principais centros industriais do país até meados do século XX, e o reforço da identidade cultural. Criaram-se associações culturais, clubes desportivos (como o Vitória FC) e imprensa local (como O SETUBALENSE). O poder político local também saiu, naturalmente, reforçado com mais autonomia administrativa que levou à criação de estruturas modernas de governação.
Embora eventos como o terramoto de 1858, a fundação do Vitória FC ou a publicação de O SETUBALENSE tenham sido relevantes, a elevação a cidade criou as condições estruturais para que tudo o resto pudesse evoluir e florescer.
A elevação de Setúbal a cidade em 1860 não foi apenas um gesto simbólico, mas um ponto de inflexão histórico. Ela permitiu que a cidade entrasse num ciclo de crescimento e armação regional e nacional que perdura até hoje.
Outros acontecimentos | O Terramoto de 1858, O Setubalense e o Vitória FC
Outro evento relevante nos últimos 170 anos foi o terramoto de 11 de Novembro de 1858, que causou danos significativos em várias freguesias, incluindo a ruína de dezenas de casas no bairro do Troino.
Além disso, a fundação do jornal O SETUBALENSE em 1855, o mais antigo jornal ainda em circulação em Portugal continental, marcou um passo importante na vida cívica e cultural da cidade.
Na esfera desportiva, destaca-se a fundação do Vitória Futebol Clube em 1910, que se tornou um símbolo da cidade, com conquistas como três Taças de Portugal e uma Taça da Liga.
Estes eventos reflectem a evolução de Setúbal ao longo dos últimos 170 anos, consolidando-a como uma cidade de grande relevância histórica, cultural e económica em Portugal.