Socialistas reuniram-se com as administrações das Unidades Locais de Saúde do distrito. E criticam Governo por ainda não divulgar plano
As maternidades dos hospitais de Setúbal, Barreiro e Almada vão continuar a funcionar em regime de rotatividade até ao final do ano.
A informação é avançada pelos deputados parlamentares do PS eleitos pelo círculo de Setúbal, na sequência de reuniões que realizaram nesta última semana com as administrações das três Unidades Locais de Saúde (Almada/Seixal, Arco Ribeirinho Sul e Arrábida).
“Os deputados do PS puderam confirmar que existe até ao final do ano uma escala de rotatividade entre as três maternidades, o que significa que, a concretizar-se nos termos previstos, só estará aberta uma urgência de cada vez para todo o distrito de Setúbal. Devido à escassez de profissionais, a rotatividade aponta para que mensalmente cada um dos três hospitais garanta um terço do tempo, estando em funcionamento de cada vez, no máximo, três dias consecutivos”, afirmam os socialistas, em comunicado.
Os deputados do PS salientam o agravamento da situação “no último ano”, dando como exemplo o facto – “sem paralelo nos últimos anos” – de as três urgências de obstetrícia já terem estado fechadas em simultâneo. E criticam o Governo por não ter ainda assumido publicamente que pretende manter o funcionamento rotativo das três maternidades. “Não se percebe ter sido definida esta rotatividade até final do ano, mas não ser publicitada por opção do Ministério [da Saúde], o que, se ocorresse, possibilitava, pelo menos, dar a conhecer atempadamente às grávidas e familiares com o que podem contar e onde.”

“Pela avaliação que fizemos, nenhum dos hospitais tem recursos para garantir a resposta a 100% nos períodos em que estão abertos”, diz Eurídice Pereira, membro da Comissão Parlamentar de Saúde.
“Uma coisa é ter condições de resposta à zona previamente definida como de influência, outra é acudir a todo o distrito. Por exemplo, Setúbal consegue, com cinco boxes no bloco de partos e dois especialistas, garantir a área que tem sinalizada – os concelhos de Palmela, Sesimbra e Setúbal, bem como os quatro do Litoral Alentejano (Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e Sines) –, mas quando está em funcionamento para todo o distrito, com os mesmos recursos, a situação muda de figura”, adianta.
Os socialistas consideram, por outro lado, que a escassez de médicos “tem sido agravada pela falta de respostas estruturais do Governo”. Eurídice Pereira vai mais longe e questiona a mais recente medida anunciada pela ministra da Saúde, Ana Paula Martins.
“Importa perceber rapidamente o que entende a ministra da Saúde por urgências regionais e que ligação tem isso com o anúncio de que a partir de Setembro o hospital em Almada garante as urgências todos os dias durante todo o ano. São precisas respostas, no sentido de se entender se algum dos serviços está em causa e porquê. Falta informação e acção, convenhamos”, atira.
Nas reuniões com as administrações das Unidades Locais de Saúde participaram, além de Eurídice Pereira, os deputados António Mendonça Mendes, André Pinotes Batista e Margarida Afonso, assim como alguns autarcas e dirigentes do PS.
Saúde “Decisões do Governo dificultam contratação de médicos de família”
A cobertura de médicos de família também foi debatida nas reuniões com as administrações das Unidades Locais de Saúde. Para os socialistas, as decisões do Governo “dificultam a contratação de novos médicos de família, atrasando (ou inviabilizando) a constituição de novas Unidades de Saúde Familiares (USF), designadamente em equipamentos de saúde renovados, como é o caso mais recente da Quinta do Conde”. “Felizmente, a administração da Unidade Local de Saúde respectiva encontrou alternativa e informou que dentro de um mês a estrutura de saúde existente na freguesia passará a USF, a transitar para as novas instalações logo que concluídas”, revelam os deputados do PS. Os socialistas dizem-se ainda preocupados com “a situação da emergência pré-hospitalar no distrito de Setúbal”.